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No Público de sexta-feira passada, mais um delicioso episódio numa história de dois touros foragidos nas serras à volta de Viana do Castelo. Como os touros andam teimosos e preferem a liberdade campestre ao possível cadafalso das touradas, o dono, as “autoridades competentes” e a veterinária de serviço congeminaram um plano. Requisitaram os serviços de uma vaca com garboso porte (quinhentos quilos em cima do lombo) e com o engodo de estar com o cio. Nem assim os relapsos touros deram à costa – quem é como quem diz, se aprestaram a montar na rés que estava no período dos apetites sexuais.
Os touros não foram tolos. Foram-no os humanos que montaram caçada com o isco da vaca empossada na toleima lúbrica. Os humanos confirmaram um estigma do que seria razão para a censura religiosa destilar duas ave marias e três pais nossos: pois não é que aos humanos só ocorreu como plano pensar com a cabeça errada, fazendo dos seus instintos os dos animais tresmalhados? O episódio era talha perfeita para uma fábula, se nas fábulas entrassem também espécimes da raça humana. Os irritadiços defensores dos animais, os clérigos de sotaina e sem sotaina e outros moralistas de serviço aplaudiriam de pé a fábula moralista e a lição que os touros ensinaram a quem lhes montou caçada.
Umas páginas mais à frente, o jornal dava conta (na secção de novas mundanas) que o parceiro de treino da tenista Sharapova só o pode ser se assinar uma declaração que inclui o compromisso de respeitar a castidade com a curvilínea tenista. Não vá o diabo ser tendeiro, que as curvas da rapariga lhe trazem mais fama do que os dotes atléticos. Tenho a impressão que é uma cláusula castradora. Se fosse cá, que está na moda duvidar da constitucionalidade de qualquer lei, suponho que o tribunal respetivo teria de se pronunciar sobre a constitucionalidade deste contrato tão castrador.
Ele há ironias: os touros desdenharam uma apetitosa comparsa toda a preceito para o sexo. Mas o parceiro de treino da tenista Sharapova tem de se pôr a modos de eunuco se não quiser ser despedido.
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