In http://img.alibaba.com/photo/538247455/Cupid_Venus_ratio_with_shoot_arrow_in_the_curved_bow_painting.jpg
Oh! crime de lesa majestade
que sofres, língua mãe; atentando soez que te emprenha de mudez, ó semântica do
romance: quando de vós trazem os tiques que em vós bem assentam mas que mal se
quadram com a política.
Ele são os arrufos entre o primeiro-ministro
e o ministro do negócios estrangeiros. Uns protestam, com a agonia da mudança (ou
o fito de se tomarem na posição de nubentes de um futuro enlace no trono do
poder): reclamam que este é um matrimónio de conveniência. E que, mandam os
bons costumes (como se os bons costumes interessassem), os casamentos por conveniência
sejam desfeitos para se terminar com a infâmia à “instituição matrimonial”.
Outros fazem hermenêutica aos amuos do chefe do partido mais pequeno, que,
matreiro como é conhecido no meio, deve andar a fazer contas para capitalizar
em proveito próprio mais este amuo. Alguns mendigam uma intervenção veemente do
autoproclamado “supremo magistrado da nação” – como se, a um juiz, coubesse
botar sentença num divórcio que não foi iniciado. Esquecem-se, esses
apressados, que ao juiz não cabe desatar os nós do divórcio, que apenas o deve
arbitrar. Outros ainda, passeiam a seu contumélia porque o líder do governo
arrastou a asa ao líder do maior partido da oposição, consagrando uma palavra
envenenada (consenso) sob o bom patrocínio do juiz supremo.
E eu digo, perante este
acesso de infantilidade retórica, que atira para as páginas da imprensa de
alcofa os segredos debaixo das almofadas dos consortes: parem de insultar a
linguagem do amor. Não a misturem com a política, que a política é a arte do
desamor – ou os antípodas do amor, que vai dar no mesmo. A infantilidade toda é
herança dos líderes partidários ainda impregnados de acne juvenil, pois foram
líderes das juventudes dos conclaves a que presidem. Um fim. Urgente. Para não
contaminarem a linguagem do amor, e a língua mãe, com o anticlímax que é a
linguagem da política.
Devia-se instruir adenda
constitucional (já que agora a tudo se faz prometer os merecimentos da Constituição)
que proibisse palavras amorosas na política. Pois a política não pode ser
amorosa. Ou o amor acaba servido na sua banalização.
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