In https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiy9R4etERQH9oMbEMuxz_wuaEsN6F2OsRVxNeUCERQpO5kJl-TSfSPeIS_hUZ9NERbyKGIFVEqGAF02lAFudavW1GehH1n6xowdMixrfRA7x35E_tEbVg4PxJlXu1TAfc1n38IkA/s400/pedinte.jpg
“Preparem-se:
os vossos dias de abundância estão a chegar ao fim.” (Pintado algures numa
parede da cidade)
Os companheiros da extrema-esquerda é
que a sabem toda. E nós, como sabemos que eles, e só eles, são letrados e
versados em cultura, inclinamo-nos perante tanta sapiência. Nós, os que não
somos de extrema-esquerda nem de esquerda alguma, e que não somos capitalistas
porque vivemos remediados, em parelha com os abjetos titulares do capital em
abundância, ainda não percebemos a presciência da extrema-esquerda. Devíamos
aprender com eles, sobretudo quando resgatam Marx do túmulo e o envernizam com
as cores da modernidade. Tanto, que fazem furor filmes de ficção científica que
prolongam o socialismo para o século XXII, ou o socialismo com o verniz da
inveja que por aí se vê quando um rapaz muito endinheirado vem dizer umas
coisas que são tidas como alarvidades sociais.
Esta crise é mais um oráculo dos
videntes que nidificam naquelas paragens. A frase que serve de mote, e que
estava pichada numa parede em letras visíveis, iluminou a lucidez. Um qualquer
pintor de serviço, encontrando-se em dia de verve, avisou os dementes
capitalistas: os dias de abastança estão perto do fim. E com o fim da abastança
é o ponto final dos abastados. E do capitalismo.
Atendendo às provas irrefutáveis
apresentadas pelos pais intelectuais da extrema-esquerda, a crise que não nos
larga foi causada pela avareza social dos capitalistas e dos salvos-condutos
cegos passados à banca. É a mesma crise que, avisa o pintor de serviço, talvez
vertendo na parede a encomenda de um guru da seita, vai acabar por comer os
capitalistas na sua ganância sem medida. Ou seja: vão acabar envenenados pela
mesma cicuta que deram a provar ao resto do povo. É a vingança fria em honra de
todos – e foram tantos – servidos no altar sacrificial dos ricos desapiedados.
E assim se confirma uma tese que não
era perfilhada pela malta da extrema-esquerda (era por outros radicais,
situados no lado de lá, que se entristecem com a cegueira de capitalistas que
não passam de patos-bravos). Eis a tese: estes capitalistas nem percebem que cometem
suicídio. Com a ajuda silenciosa dos governantes que não se cansam de fazer
obséquios em nome de confessáveis (mas de duvidoso gosto) e inconfessáveis
propósitos. De tanta sede de engrossar a abastança, e de nada mais verem a não
ser o amanhã próximo do lucro fácil, estes patos-bravos podem acabar por acabar
com o capitalismo. Depois de acabarem na frugalidade monástica quando os
proventos secarem.
O que virá a seguir não será de bom augúrio.
Sem comentários:
Enviar um comentário