In http://c4.quickcachr.fotos.sapo.pt/i/N3d014cef/2189944_vDT5g.jpeg
(A confirmação que faltava: escutas telefónicas revelam capitalistas sem
piedade a querem que os pobres fiquem mais pobres. Só para fazer a vontade ao
notável colunista do Público, José Vítor Malheiros, que ontem discorria prosa
articulada sobre capitalistas inspirados no “neoliberalismo”)
Acusavam: que se tratava de
uma conspiração a soldo da ideologia. Ou a ideologia que cegava tanto que
tirava discernimento e invadia o pensamento com generalizações que arrumavam os
capitalistas nos maus de espírito, enquanto os trabalhadores todos – noutra
generalização gratuita – eram levitados a uma posição beata. Agora têm de
engolir as acusações, ou eles próprios inventar uma contra teoria da
conspiração para diluir os factos.
E o que são os factos? Os
serviços secretos, que costumam estar ao serviço das classes dominantes,
infiltrados (e talvez pagos) por gente endinheirada para darem o seu contributo
para a perpetuação do feudo dos ricos, tiveram uma distração fatal. Foram
apanhadas conversas telefónicas e trocas de emails entre capitalistas. Caiu a
máscara dos capitalistas. Confirma-se o que sempre foi tomado como certo mas
desmentido pela conspiração do grande capital e do poder político seu
serventuário: os ricos querem que os pobres fiquem mais pobres.
Um famoso capitalista foi
apanhado em amena conversa com outro barão do grande capital. Sem pudor (pois
julgavam falar a coberto da privacidade), o primeiro alertava o outro para se
aproveitarem da crise: “o desemprego joga
a nosso favor. Os trabalhadores andam no fio da navalha. Com a espada do
desemprego a cair-lhes sobre o dorso. Temos ainda mais a faca e o queijo na
mão.” O outro retorquiu: “pois, mas
temos de ativar os nosso contactos, os nossos testas-de-ferro no poder
político. É agora que as leis do trabalho têm de jogar a nosso favor. As
regalias excessivas dos trabalhadores têm de ser eliminadas.”
A meio da conversa, outro
excerto representativo das almas empedernidas que povoam esta gente. Entre um
riso boçal e um trago de uísque, um deles assegurou que “esses malvados que só querem é trabalhar o menos que puderem, ganhar
mais e ter mais regalias, hão de andar de mão estendida atrás de emprego. Nessa
altura, eu é que faço as regras. E as regras vão ser mais horas de trabalho,
menos condições – que não são cá precisos luxos no local de trabalho – e o
salário que eu decidir que posso pagar. É isso ou o desemprego e a penúria.”
O comparsa replicou o gargalhar boçal, reforçando a ideia: “é como dizia, meu caro, a crise é uma
oportunidade para voltarmos a ter lacaios e não trabalhadores. A ameaça da
pobreza não pode ser apenas uma ameaça. Temos de forçar os políticos a
continuarem esta política de sacrifícios. É a que mais nos convém. Um exército
de trabalhadores no limiar da pobreza e com a incerteza do desemprego a pairar
a cada dia que passa, deixa-os fracos. Essa será a nossa força.”
Revelações tão contundentes
deviam dar lugar a uma de duas soluções: ou o povo causticado por estes
salafrários votava como deve ser nas próximas eleições, acabando de vez a
cumplicidade entre o poder político e o grande capital; ou, caso isso não
aconteça, porque o povo pode teimar no obscurantismo, o povo lúcido sublevar-se-ia,
atirando esta gente toda para o exílio. Não sem antes verem todas as suas
posses nacionalizadas em nome do bom povo.
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