In http://www.northnews.co.uk/res/uploads/pictures/OCT2012/191012/FOG_ON_TYNE_TODAY_2.jpg
Humberto
sai do metro. A manhã outonal condizia com a estacão. Brumosa, terrivelmente
húmida, os ossos encarquilhando-se com o nevoeiro que se infiltrava desde a
carne até aos ossos. Sai do subterrâneo profundo e não consegue que a luz se
acenda, tão plúmbeo o nevoeiro matinal. As gotas baixas, quase beijando o solo,
molham o cabelo. Humberto lembra-se do tempo que habitualmente faz em
Newcastle. Mas em Newcastle não é preciso esperar pelo outono para ser passageiro
de intermináveis manhãs brumosas. Acontece durante o ano inteiro. Menos no
equinócio de verão, quando a luz diurna entra nas horas que pertencem à noite,
que nessa altura o clima desajuizado faz tréguas com o equinócio estival.
Humberto percorre as ruas tingidas pelo cinzento do nevoeiro teimoso e os seus
pés estão convencidos que deambulam pelos passeios de musgo em Newcastle. Até o
rio convoca as semelhanças. Mais a mais, por entre a densa neblina, os dois
rios (o da cidade que é do Humberto e o de Newcastle) não se distinguem. Para
em frente ao cais. Mal consegue ver a cidade que faz fronteira, a que se aloja
do lado de lá do rio. Tal como em Newcastle, com a diferença que em Newcastle a
cidade atravessa o rio. Durante largos minutos, Humberto não escuta vivalma.
Parece estar dentro de um sonho, convencido que os sentidos viajaram até
Newcastle. Na barcaça que passa vai desfraldada uma bandeira britânica. Lá
dentro, o comandante dá ordens à tripulação, com o audível sotaque nortenho tão
parecido com o sotaque escocês que quase torna ininteligível o idioma. De
repente o sol consegue furar a barreira do nevoeiro. A luz insinua-se e embacia
a neblina. Ao mesmo tempo, uns rapazes passam em algazarra. Falam o idioma do
Humberto. Acordou do sonho. Não era Newcastle. Aliás, Humberto nunca fora a
Newcastle.
Sem comentários:
Enviar um comentário