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Há razões várias para não morrer de amores pelo verão. O calor, quando lhe apetece
ser uma asfixia, o mesmo calor que dita a sudação dos corpos e os cola às
roupas peganhentas e pestíferas. Ou os mosquitos que têm na canícula alimento;
mas só aperitivo, que depois se banqueteiam com o sangue que anda dentro de
nós. Ou, ainda voltando à matéria odorífera, pese embora os banhos ensinados
como preceito de higiene pessoal, o suor em que o corpo se derrete em horas de
canícula que se transfere para o odor infecto em certas pessoas.
O calor, quando é excessivo e mais parece um forno que se abre quando
saímos à rua, é convocatória à indolência. Não se insinua que não tenhamos
direito ao ócio nos dois dias da semana que o calendário convencionou serem de
descanso, ou no tempo de férias que as conquistas sindicais padronizaram. O mal
é que o calor é um alfinete que se espeta aleatoriamente no calendário. Pode
calhar em tempo de trabalho. É quando o calor frita os miolos e o trabalho se
ressente. Ou quando o tempo se revolve pelas entranhas e é tomado por
luciferina entidade que vomita fogo por onde passa. Em tratando-se desse Lúcifer
adejar sobre florestas, os incêndios propagam-se com a bênção da temperatura
tórrida acolitada pela humidade reduzida e pelo vento quente e seco que é
gasolina em cima dos incêndios.
Quando os fogos se demoram, uma nuvem de fumo estaciona no horizonte
acima dos olhos. As cinzas levitam no céu, adulterando-o. Pode não haver
nuvens, as convencionais nuvens onde se condensa a água depois derramada em
forma de chuva. Mas o céu é dominado por nuvens de faúlhas sopradas pelos
ventos dominantes. O sol intimida-se. Sem força para romper com a densidade das
cinzas que se acastelam, o sol quebranta-se. Fica desmaiado, fazendo de conta
que não foi um dos culpados da extorsão afivelada nos incêndios luciferinos.
Eis outro motivo para não louvar o verão: quando o estio se converte em excessiva
canícula, o sol, o tão sagrado sol pelos adoradores do verão, embota-se.
O
verão é uma contradição insanável.
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