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Um império de lixo. Fatura da civilização como ela se tornou em sua
evolução. Tudo o que se produz vem armadilhado em mil e um invólucros que
apenas têm a serventia do lixo onde se depositam os desperdícios. Os maestros desta
civilização quase asséptica defendem a causa: assim mandam os cânones da
higiene. É para tornar a mercancia imune às doenças que andam cá fora e que só
nos afetam se as apanharmos por contágio com uma mercadoria mal acondicionada.
É um império de lixo porque somos seus produtores prolixos. Os manuais da
ecologia, que se atiram furiosamente à cegueira de uma economia que se
interessa apenas pelo lucro, explicam que muita produção desagua nas lixeiras.
Os ecologistas sensibilizam para a separação dos lixos, mas depois chegam
palavras sussurradas ao vento dando conta que vêm os camiões do lixo e metem
todas as sobras inúteis no mesmo sítio. Pode ser uma contra teoria da
conspiração de gente a soldo de capitalistas sem sensibilidade para a proteção
do ambiente, ao saberem que o ambientalismo desperta consciências a cada dia
que passa.
Nesta altura, em que a crise continua a morder sem remorso e a produção
arrasta-se pelos mínimos, era bom que um ecologista ou um economista medissem a
correlação entre a entrada de desperdícios nas lixeiras e a produção. Voltando
aos manuais da ecologia (que denunciam a doença que vem atrás de mais produção),
acredita-se que o crescimento com mais produção provoca danos no ambiente.
Porque mais produção leva a mais lixo, a mais tratamento dos resíduos
depositados nas lixeiras, com mais custos e menos garantias de que a reciclagem
terá resultados. Em tempos, que são estes, de crise persistente, era de esperar
que menos produção aliviasse a pressão sobre o meio ambiente. Que houvesse
menos lixo. Após o natal, quando as crianças mandam para o lixo os plásticos e
cartões que empacotam os brinquedos, e a maior frequência com que vamos
depositar o que não presta nos caixotes do lixo, são sinais de que a crise não
abrandou os desperdícios. O sinais vão contra a maré. A equação desfaz-se numa
desigualdade: a crise causa menos produção, mas nem por isso o lixo abrandou.
Somos
uma sociedade do desperdício. Do necessário desperdício, se comprarmos a tese
dos sanitaristas do momento. (Ou isso, ou – vamos por outra teoria da conspiração
– os produtores de plástico e de cartão sentam-se à mesa do poder.)
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