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O ponto de partida: a felicidade
importa?
Há muita felicidade oculta. E muito
desencanto dos desenganados da felicidade (ou que, pelo menos, assim se
consideram). Não é diferente das outras coisas que carecem de medida: a lição
vem nos manuais que explicam a carestia das coisas raras e o desvalor das
coisas abundantes. Se fizemos o tirocínio da felicidade e por lá andamos, de
tal modo que ela (julgamos) se fez banal, retiramos o valor que é sua pertença.
Se teimarmos que a felicidade habita nos antípodas de onde estamos, sonhamos
com ela como quem sonha com ouro e joias sem ser nutriente de pose
ostentatória.
Lição número um: dar valor à
felicidade que está, sorridente, aos nossos pés. Sem a endeusarmos, que ela se
pode cansar do rotineiro quotidiano e ausentar-se para parte incerta. Mas sem
andarmos no patamar da apoplexia, tementes que a felicidade seja frágil e se extinga
sem pré-aviso.
Lição número dois: para os deserdados
da felicidade, imperativa perseverança. Se capitularem, mesmo depois de
ajuizarem os muitos fracassos na demanda, têm garantido o destino da desdita. A
felicidade pode tardar. Com audácia, ou apenas por acaso (não interessa como vem),
ela terá seu púlpito nos olhos dos deserdados que deixarão de o ser.
Lição número três: reprimir os contratempos
que nascem de um pulsar suicidário. E que nos levam a fermentar conflitos
gratuitos, umas vezes a pretexto da polémica saudável (que, contudo, efervesce
as veias), outras vezes mercê de irritações pessoais. Ou que nos levam a dar
valor a impertinências que embaciam a felicidade, cansada da ingratidão e de a
espezinharmos com lides mesquinhas.
Lição número quatro: não chega a
felicidade. Que a ousadia faça o seu caminho. Para que, desimpedida a porta
férrea que embaciava o olhar, a felicidade cresça de expoente. Não chega apenas
a felicidade, porque a felicidade tremenda presta-se a outros deleites.
Lição número cinco: entreguemo-nos
aos prazeres que convencionamos serem prazeres. Com a volúpia da subjetividade e
entrega ao hedonismo que é medida subjetiva. Derrotem-se os oráculos que
refreiam os prazeres. Combata-se a perenidade do tempo, que os adiamentos das
empreitadas pagam-se caro quando o tempo vier na sua extinção. Venham os
prazeres: da viagem, da leitura, das palavras enfeitadas em forma de poema, da
carnalidade, do mais lúdico que haja sem temor de sobre nós caírem dedos
empertigados acusando-nos de puerilidade, da música (ou das músicas, na sua
versatilidade), do cinema, do teatro, das paisagens que sinalizam fotografias
perenes emolduradas na memória, do amor, da amizade, do mar galante que é um
contraforte de onde vem um feixe de luz incandescente, do miar dos gatos, da
adrenalina, da loucura saudável que se confunde com irreverência, do pensamento
singular, do direito à diferença quando nos empurram para a padronização, da
bondade.
E lição número seis: não recusemos o
que somos. Nem recusemos que o que somos é fio condutor entre o tempo pretérito
e o tempo conhecido, que é o atual.
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