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Incansáveis lutadores. Lutam pelo
direito que é seu, pelo maior bem de que acham ser tutores (e únicos tutores):
o de continuarem amarrados ao fio da vida. Por vezes, o fino é ténue. Não se
intimidam. Arregimentam as forças maiores onde o comum dos mortais julgaria
ausentes. Trepam penedos. Nadam as águas alterosas, desalfandegando energias
que se outras fossem as circunstâncias diriam não serem suas. E tiram retratos
do futuro que ainda será seu. O tempo não lhes é baço. É o farol de onde
irradia uma centelha que derrota a capitulação.
Podem ser doenças. Podem ser frágeis
nascituros que olham para o dia vindouro como se fosse a válida vitualha que
leva a outro, e depois a outro, e sempre assim. Podem ser outras empreitadas,
já não tão vitais como a vida se encerra, das que jogam um trunfo nos desafios
que crescem pelo interior. É a teimosia mais saudável que podem os sentidos
conhecer. Uma aurora boreal onde se convencionou que não existem auroras
boreais. A espada escura, que traz vestígios de outros ensanguentamentos,
reduz-se a uma miséria insignificante. O braço da tremenda vontade dos
lutadores nem precisa de ostentar generosa massa muscular: a vontade trata de
colocar as coisas em seu devido lugar. Os ventos frios, os ventos que se
insinuam na ossatura e prometem maleitas perenes, os ventos que anunciam a
força letal da espada escura, são desviados pelo braço volitivo.
O homem causticado pela doença
crónica; o nascituro que nem ainda sabe o inteligível do mundo; o teimoso que
defronta medos à medida que emancipa seus projetos ousados – todos se refrescam
na bruma matinal que esconde os sortilégios da vontade indomável. As mangas
arregaçam-se e os monstros que estejam de atalaia, preparados para uma
armadilha, que se cuidem. Os lutadores não se dobram sem que a vontade que na
sua esbarrar seja ainda mais indomável. O que não se vê que seja possível. Pelo
menos enquanto as forças forem o fermento da luta incansável.
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