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Encontrou o seu diadema. Pela justa
medida, uma floresta frondosa onde passeava sem importunações. Os pés
arrastavam a folhagem que se estendia no solo, colhendo o odor tão próprio da
humidade imersa em copiosa vegetação. Se havia sítios onde o arvoredo era tão
denso que a luz do sol mal conseguia beijar o chão, não se entristecia ao adivinhar
que os arautos dos lugares-comuns depressa lavrariam sentença daquele ser um
lugar acabrunhado, um lugar onde a existência corria a preto e branco.
Mas tudo estava, naquele lugar, possuído
por garridas cores. Era nos plátanos, nos musgos que colonizavam pedras
aleatórias, nas acácias que rompiam aos céus, nos fetos harmoniosamente
pendidos uns sobre os outros, nos pequenos regatos que emprestavam uma
cristalina sonoridade à quietude da floresta – era neste lugar que aprendera a
afinar a bússola dos sentidos. Por isso entronizara a floresta seu particular
reino. O diadema que lavrou a coroação como rei da floresta era uma quimérica
pedra que desapossava os apoderados da perfídia. A floresta era antídoto invencível.
Umas horas imerso no labirinto da floresta destituíam as ambições dos cruéis.
A certa altura, já a floresta dera os
rudimentos para a justo equilíbrio, e este passara a ser rotina. Fora, talvez,
a primeira vez que não se desassossegou com uma rotina. Era bom sinal. Tanto
fora o tempo com as bainhas da balsa descosidas, a balsa metendo água, umas
vezes tão depressa que pesava a ameaça de naufrágio, tanto fora o tempo gasto
em ausente equilíbrio que o justo equilíbrio de agora merecera abundante
consagração. Mas o tempo esgota-se na sua medida. Esgotada essa medida, o justo
equilíbrio deixou de ser celebrado a cada alvorada consecutiva ao sono isento
de tempestades noturnas. Era, o justo equilíbrio, um ingrediente da normalidade
entronizada no diadema que ostentava com garbo.
Na medida do justo equilíbrio, as
nuvens plúmbeas eram um regaço, como tantos outros, onde apetecia deitar. Os
tempos tinham mudado; as plúmbeas nuvens já não eram, como outrora, presságios
de medonhas tempestades a que o equilíbrio, o sempre instável e transitório
equilíbrio, se rendia.
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