In http://sobreavidadotcom.files.wordpress.com/2011/09/fosforo-feliz.jpg
Dantes, em véspera de transmissões
televisivas de importantes jogos de futebol, passavam anúncios de medicamentos
para tratar a impotência masculina. Agora, passam anúncios para sarar a
ejaculação precoce. Dantes, era um homem ainda jovem que se cobria de vergonha
por não conseguir satisfazer quem com ele dividia lençóis. Agora são dois
fósforos que se entrelaçam, havendo um deles (o fósforo masculino) que esgota o
pavio antes do tempo.
(É enternecedora a propensão dos
publicitários de serviço para as metáforas sugestivas.)
Dir-se-ia que não há novidade. Primeiro,
está provado que o público-alvo desta publicidade que se mete nos prolegómenos
e nos intervalos (do futebol na televisão, bem entendido) são varões. Segundo, fica
provado que a homenzarrada, sobretudo aquela que ainda não entrou em
andropausa, se incomoda com os distúrbios das hormonas (que ora podem estar
adormecidas, ora podem escorregar para tamanho estado febril que deitam tudo a
perder). Terceiro, a mudança de registo publicitário pode ser o selo de uma
causalidade. Que é como quem diz: se dantes muitos marialvas tinham problemas
no aquecimento e se retiravam do tabuleiro antes da função começar, agora,
fruto da medicação, mal o jogo começou e já eles estão fora de jogo, para infortúnio
das/dos parceiras/parceiros (que aqui não se pratica, no discurso, a
desigualdade de preferências sexuais).
Esta publicidade é só virtudes. Ninguém
protesta. Os varões não protestam, porque medicamentados como deve ser tratam
os seus problemas existenciais por insuficiente desempenho. Não protestam
também as/os companheiras/companheiros que, podendo não ser admiradores do
desporto em cujas transmissões televisivas se intercalam os ditos anúncios, tiram
partido do progresso no desempenho dos consortes. Nem mesmo as feministas
exaltadas podem vociferar, atirando os dardos da desigualdade em que tanto
medram (a menos que sejam frígidas).
A persistência na publicidade aos
medicamentos que curam maleitas sexuais masculinas é, por outro lado, sintoma
de que muitos haverá consumidos pelas ditas. Sejam elas por defeito ou por
excesso. É caso para rematar (ou não estivesse a publicidade a mover-se no
contexto do futebol): não tem ponta por onde se pegue.
Sem comentários:
Enviar um comentário