In https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqGCqB8krnvCynl1P2zbdMujsxKj9bdCq9WUuEvpOfKzplhxypncpDauKujTebQQbuVM30mo0K1WBHsk7okCjaN9OWhwNzNb32FO9637IcW9WV3dh5uBG5pBRZijXOYIwr4QI7/s1600/bolsa+chanel.jpg
(Não é marialvismo inconsequente. Nem
discriminação de género. Nem comunismo primário.)
As tias deixaram os canapés e o tricot. Aproveitando-se da emancipação
feminina e, de caminho, abraçando a causa feminista, as tias já não são apenas coquetes,
prendadas e destinadas a cuidar da casa, da prole e dos assuntos familiares.
Saíram dos castelos confortáveis e vieram à luta, imersas na selva que outrora
foi só dos varões e, se delas também era a selva, apenas um quinhão pertencia
às mulheres de pelo na venta e sem pergaminhos “sociais”.
Agora as tias governam, deputam, fazem
política autárquica, opinam em rivalidade com os opinadores de estalão – para
além de darem festas aos que possuem pedigree;
e para além de ostentarem a maquilhagem abundante e a fatiota dispendiosa e de
beberricarem o chá das cinco através de chávenas inglesas de fino porte e de
destilarem a pesporrência de casta com que se passeiam, por breves instantes
(que a mistura com a maralha pode provocar urticária), na rua.
Agora vão para o governo com tailleurs impecáveis, montada cabeleira
loira com que não nasceram, carteira que custou os olhos da cara a tiracolo, pronúncia
de Cascais e pose superior que é inata e vai aos píncaros por terem deitado mão
ao poder. Vão para o parlamento ostentar empinado nariz, arrotando enormidades
que postulam o chicote político sobre os juízes dos tribunais quando estes são
incómodos para o poder vigente. São satélites do neófito autarca, ele também
das melhores famílias, nem que tenham, em silêncio, de engolir talos de
contraplacado por o neófito e independente autarca ter feito uma aliança com os
bastardos do regime. Todas por junto, quando abrem a boca, disparatam. São
próceres da sua própria inanidade.
Por isso digo que as tias deviam ser
devolvidas ao recato do chá das cinco, onde as tias todas convivem e fazem
converseta sobre os triviais assuntos de sempre. Deviam cuidar da família e da
prole, não vão os consortes estranhar o ativismo que esbarra nos cânones e as subtrai
de casa e dos afazeres sociais. As tias não deviam arregaçar as mangas e
invocar uma intelectualidade que lhes é ausente. Ao abrirem a boca, sai
disparate – que guardem a boca aberta para outras funções. A troça que vem
depois não quadra com os pergaminhos impecáveis da casta. A máscara da casta
fica reduzida a frangalhos quando as tias sobem ao palco para que não foram
feitas.
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