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A varanda da casa dá para as águas
lustrosas do Tejo. O porvir também é uma incógnita, hoje como outrora. Mas o
Novo do Restelo, desempoeirado, cultor de um otimismo ímpar, acorda todas as
manhãs com a certeza que os dias por diante virão tingidos de cores garridas e
as pessoas andarão jubiles pelas proezas que, em conjunto, nesta era irão legar
ao conhecimento. Por isso, o Novo do Restelo escolheu uma casa perfeita, sem
escaras, sem esquinas rançosas que obliterem o futuro.
O Novo do Restelo tem inimigos de
estimação: os vizinhos mais velhos, de rosto sorumbático, braços caídos e
andrajos que acamam nos seus corpos entorpecidos. Boicota-lhes o desânimo. Condena
as vociferações contra a possibilidade de um tempo desconhecido ser coutada de
um tempo melhor. Arremete contra o conservadorismo empedernido, o horror à
mudança por temor dos enigmas que se amigam com a mudança sem plano. Abomina os
Velhos do Restelo, nem que a empreitada seja (nestes tempos de gigantes dificuldades)
homérica, à mercê da desigualdade de números: os Velhos do Restelo são uma
fértil reprodução dos tempos árduos. Os Novos do Restelo estão – dizem os
Velhos do Restelo, em profecia que pretendem sagração de um oráculo – em
extinção.
Erro o deles. O Novo do Restelo não quer
saber dos outros como ele. Persiste na empreitada que muitos, alguns como ele,
julgam condenada à derrota. Não capitula. Não desiste dos ideais. Desdobra-se. Na
articulação de argumentos convincentes, o que, olhando aos tempos íngremes, é
obstáculo de importe. E na consumição de forças no combate desigual com os
Velhos do Restelo que nascem todos os dias. Nem assim o Novo do Restelo se
refugia na aparente impossibilidade das causas. Pois só o otimismo consagra a
salvação da espécie, que, de outro modo, sucumbirá à sua própria autofagia.
Não o faz como tábua de salvação, nem
como oportunismo para resgatar a espécie à sua autofagia. Está convencido que é
a genuína solução para arrematar os tempos difíceis que são uma teimosia. Pois
enquanto houver Velhos do Restelo a proclamar a resignação, a ditar para os
autos o fim de tudo perante as dificuldades imensas, a negatividade ameaça
contagiar-se aos tempos vindouros. E como do refluxo das vontades raramente se
esboça obra que tenha valimento, o Novo do Restelo sente-se cada vez mais novo.
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