Om, "State of No Return", in https://www.youtube.com/watch?v=kKqoNrZ00Bg
Falava-se de assuntos da vontade. Da
vontade irrefreável, pois à falta de travão deixá-la entronizar-se e ditar as
palavras que contam. Só que os olhos distraem-se. Passam ao lado das categorias
que representam a essencialidade das coisas. Olham para os lados. Desaproveitam
tempo com fait divers. Concentram-se
nos subúrbios da vontade. Não distinguem onde está a vontade espontânea e os
subúrbios que a adulteram. Trocam-se as bainhas das coisas: a essencialidade é
despromovida a (falso) meneio da vontade e dos subúrbios pensa-se serem a
quintessência volitiva.
O juiz tem de estar aprumado nas funções.
Ele é o soberano da vontade que lhe diz respeito. Não se pode distrair com os
engodos bolçados por quem interessa que os papeis da vontade se invertam. É
importante saber distinguir as coisas. E as personagens que querem ser
influências na configuração da vontade. O melhor, é ensimesmar. A vontade é um
ato individual; só ao indivíduo importa. Das profundezas da moralidade, com
batuta a condizer, uns sufragadores da dita cuja julgam que podem ajuramentar
as “boas” e as “más influências”. Eles são, para começar a função, as piores
das más influências: só por terem o topete de tirar as bissetrizes às
credenciais dos outros, julgando-se mais capazes do que o próprio (que dizem
aconselhar, e tão generosamente que o fazem sem ónus) para distinguir o que lhe
convém. À falta de vida própria para lamberem as feridas que (de certeza)
trazem agarradas às bafientas caudas, cuidam dos outros. Ninguém lhes encomendou
a empreitada. E se acaso gente houve que discerniu intimidade (outra
subjetividade) para pedir conselhos, logo se emproam do alto da sua digníssima
condição para lavrarem sentenças. Prouvera que acertassem com as esquinas das
suas próprias existências.
São as piores das “influências” (tomando
de empréstimo o jargão que é deles e que em cima deles se abate depois de o
cuspirem ao ar). Porque cerceiam a vontade de quem se dizem conselheiros. A
vontade só é indomável se partir das profundezas do ser. Nem que seja para
errar, e errar profundamente. Sem agulhas metidas pelo caminho por quem não é
dono dessa vontade. Os olhos devem ser peritos na observação das coisas. Devem
desprezar o que anda nos subúrbios da vontade. Porque essa é uma vontade
ardilosa, que embacia a vontade genuína que embarca no ser que a detém.
Não se quer ser alguém a viver fora das
fronteiras que são as suas. Os limites decifram as paisagens da alma.
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