The Heavy, "What Makes a Good Man", in https://www.youtube.com/watch?v=08h0IVs4RKQ
1. Da bondade intrínseca.
Não é preciso invocar
mandamentos bíblicos. Sobra a vontade em refrigério interior. A peregrinação
trará os sedimentos da bondade. Mesmo que ela já exista.
2. Da não cobiça.
O que aos outros vem, a
eles pertence. Não é matéria apropriável. Um qualquer desígnio escolhe a paleta
de cores que enfeita o olhar. Não adianta cobiçar o que é linhagem alheia.
3. Da intensidade dos
sentimentos.
Só merecem aplauso os
sentimentos que vêm das entranhas, os que são possuídos pela inteireza.
Mapa-mundo que cartografa as linhas das mãos e ensina a dedilhar as páginas que
destravam o tempo (ainda) ausente.
4. Da decência (de braço
dado com a bondade intrínseca).
Uma espécie de
cavalheirismo sem os maneirismos dandy,
ou preconceitos que são a raiz quadrada de pergaminhos afetados. Se a decência
for ciciada em maneirismos dandy ou
preconceitos afetados, não é decência: é decadência.
5. Da generosidade não
cínica.
Fazer bem ao outro também
não é exclusivo dos mandamentos bíblicos. É inato. Desde que seja
descomprometido. Não é que o cinismo seja método censurável. A objetivação das
coisas, os parâmetros que se afivelam em imperativos categóricos, esses é que
são imagens nauseabundas. Que se lhes responda com cinismo.
6. Da repulsa da sabedoria
categórica.
Há poucos categóricos: o
não à sabedoria monolítica, àquela que se consome na estreiteza dos seus
quadros mentais tão apertados, é negativa categórica que se tolera. Dos
eruditos que parecem onanistas em sua própria erudição não merece a atenção ser
consumida com tempo desperdiçado.
7. Da não religiosidade
(como passaporte para a intensidade dos sentimentos).
Por causa da liberdade.
Não merece a integridade do ser ficar refém de credos ou preces ou catecismos
ou entidades divinas que prometem a fragilidade dos crentes – no fim, a sua
irrelevância. Somos inteiros, universos complexos cheios de virtudes e de
fraquezas. Rivalizamos com as divindades. Desafiamo-las a serem a sua negação.
8. Da negação dos pecados
(ou acerca da sua prática).
Ainda por causa da
liberdade: não deixemos as peias aplacar a vontade. Se o que resulta da vontade
leva com o opróbrio do pecado, o mal é de quem assina tamanha sentença. No
limite, prefira-se o pecado à imorredoira penitência ditada por juízes de comportamentos
alheios.
9. Do despontar de uma
nova aurora (ou do encerramento de janelas datadas).
Repudiem-se os
conservadorismos, atávicos cárceres que tutelam a vontade e a refreiam. A
demanda de novas alvoradas é critério melhor.
10. Da negação do que for
preciso ser negado.
Se for a medida para
sepultar os que se entregam a missões de educação dos outros. Da negação
metódica, portanto. Mau feitio, apenas; ou negação espontânea, ditada pela
vontade genuína de dizer não aos que querem agrilhoar vontades que suas não
são.
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