17.4.15

A ativista que atirou confettis ao presidente do banco central

In http://www.zerohedge.com/sites/default/files/images/user5/imageroot/2015/04/draghi%20attacked%20woman.jpg
Já ninguém tem sossego. Nem o cinzentão presidente do banco central, na cinzenta Frankfurt onde vivem os cinzentões alemães. Conferência de imprensa no banco central. Admite-se que a segurança faça uma triagem apertada dos jornalistas admitidos à cobertura da mensagem do homem mais importante da Europa. Erro de diagnóstico: até os apertados sistemas de segurança são falíveis. Uma jovem mulher entrou como jornalista. A certa altura, falava o banqueiro, o homem mais importante da Europa, a jovem mulher irrompeu entre os afinal não colegas, trepou para a mesa onde Draghi tinha os cotovelos deitados e atirou-lhe confettis enquanto balbuciava, em sonora berraria, pregões contra o banco central, contra a sua tirania.
O homem mais importante da Europa terá apanhado o susto da vida. As fotografias denunciam o cagaço. Atirou ao ar os papeis que eram seu roteiro para a conferência de imprensa. Foi interessante o efeito visual dos confettis aspergidos pela jovem mulher e dos papeis que saíram, tão assustados como o seu dono, para o vazio capturado pelas máquinas fotográficas.
Porventura o homem mais importante da Europa teria outra reação se não estivesse de frente para a contestatária. Pois se a sua visão fosse a dos outros jornalistas e dos fotógrafos que, expeditos, apanharam o insólito momento em fotografia, o homem mais importante da Europa teria olhos arregalados para a visão que se lhe oferecia: a jovem ativista a trepar para a mesa deixando à mostra um pedaço de costas que faz fronteira com o cóccix e a lingerie preta que envergou no dia de protesto.
Não podia a senhora ter outros propósitos se não a contestação pacífica e bem humorada. Teve palco. Ficámos a saber que naquele dia vestiu apertadas cuequinhas pretas, umas calças também pretas de cós curto e uma t-shirt que fazia um trocadilho com a palavra “ditadura” em inglês (“dictatorship”, transformada em “dick-tatorship” – os falantes de língua inglesa sabem o significado de “dick”). A do homem mais importante da Europa – advinha-se – terá encolhido para mínimos, como estão as taxas de juro em que ele manda, tamanho o medo que apanhou ao ver a jovem ativista ensaiar um salto para cima dele (sem propósitos lascivos, como se atesta pelo pânico do banqueiro).
Post scriptum: já se sabe o nome da senhora: Josephine Witt.

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