13.4.15

Unintended consequences

Massive Attack, “Protection”, in https://www.youtube.com/watch?v=Epgo8ixX6Wo
Possivelmente, está tudo sobre controlo. Timoneiros das ações e das suas consequências. Seguindo o plano esboçado com precisão. As coisas só podem correr como foram pensadas. As consequências não podem fugir. Os detalhes do plano são verificados, repetidamente. Nada pode falhar. Não há lugar ao desleixo. A sobranceria, que se sobrepõe ao resto quando o convencimento da empreitada e das suas consequências dissolve as dúvidas todas, entesoura o (improvável) logro.
Mas não há ações perfeitas. Nem estimativas à margem do erro, afinal tão humano. Podem sobressair factos inesperados, atores improváveis a virem a cena, simples erros de cálculo. E se tudo isso der à costa, o imprevisível derrota a penúria dos convencimentos. A ação pode tomar proporções irrefreáveis. O seu mandante perde as rédeas. Se estiver distraído com a arrogância, as dores do inesperado podem ser incalculáveis. Assim como os efeitos telúricos, se os efeitos se emanciparem do plano que se julgava de uma precisão infalível.
Os que assim são prescientes arriscam as maiores amarguras quando as ações desaguam num lugar diferente. Tornam-se uma obsolescência. Como é hábito teimarem na arrogância, atirando para fatores terceiros a inoperabilidade das suas ações, afogam-se em mais obsolescência, medram em cenários paralelos (e imaginários) aos que contam. Tornam-se risíveis, à medida que se embebem na dor excruciante de quem vê as consequências afastarem-se do plano que tinha sido laboriosamente tecido.
Todos os corolários contêm um plano embaciado, as incógnitas que, por o serem, não são dominadas nem por aqueles que julgam possuir infalível oráculo. Do lado escondido das consequências sobra a humilde condição de quem aceita a insegurança das ações e das suas consequências. Os planos são isso mesmo, planos que carecem de confirmação nos acontecimentos. Traduzindo a imperfeição de quem os concebe, deviam reservar um lugar para o lado escondido das consequências. Para os seus tutores não serem apanhados em falso. E para os demais, os que assistem com deleite à vergonha dos tutores de planos fracassados, não terem de aturar lágrimas atiradas para uma responsabilidade que é solteira.

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