Massive
Attack, “Protection”, in https://www.youtube.com/watch?v=Epgo8ixX6Wo
Possivelmente, está tudo sobre controlo. Timoneiros das
ações e das suas consequências. Seguindo o plano esboçado com precisão. As
coisas só podem correr como foram pensadas. As consequências não podem fugir.
Os detalhes do plano são verificados, repetidamente. Nada pode falhar. Não há
lugar ao desleixo. A sobranceria, que se sobrepõe ao resto quando o
convencimento da empreitada e das suas consequências dissolve as dúvidas todas,
entesoura o (improvável) logro.
Mas não há ações perfeitas. Nem estimativas à margem do
erro, afinal tão humano. Podem sobressair factos inesperados, atores improváveis
a virem a cena, simples erros de cálculo. E se tudo isso der à costa, o
imprevisível derrota a penúria dos convencimentos. A ação pode tomar proporções
irrefreáveis. O seu mandante perde as rédeas. Se estiver distraído com a
arrogância, as dores do inesperado podem ser incalculáveis. Assim como os
efeitos telúricos, se os efeitos se emanciparem do plano que se julgava de uma
precisão infalível.
Os que assim são prescientes arriscam as maiores amarguras
quando as ações desaguam num lugar diferente. Tornam-se uma obsolescência. Como
é hábito teimarem na arrogância, atirando para fatores terceiros a
inoperabilidade das suas ações, afogam-se em mais obsolescência, medram em
cenários paralelos (e imaginários) aos que contam. Tornam-se risíveis, à medida
que se embebem na dor excruciante de quem vê as consequências afastarem-se do
plano que tinha sido laboriosamente tecido.
Todos os corolários
contêm um plano embaciado, as incógnitas que, por o serem, não são dominadas
nem por aqueles que julgam possuir infalível oráculo. Do lado escondido das
consequências sobra a humilde condição de quem aceita a insegurança das ações e
das suas consequências. Os planos são isso mesmo, planos que carecem de confirmação
nos acontecimentos. Traduzindo a imperfeição de quem os concebe, deviam
reservar um lugar para o lado escondido das consequências. Para os seus tutores
não serem apanhados em falso. E para os demais, os que assistem com deleite à
vergonha dos tutores de planos fracassados, não terem de aturar lágrimas atiradas
para uma responsabilidade que é solteira.
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