Teho
Teardo & Blixa Bargeld, “Still Smiling”, in https://www.youtube.com/watch?v=rNXqZO14330
Tudo
o que desinteressa. Tudo o que agride. Tudo o que apoquenta. Tudo o que
descompõe a serenidade de um mar. Tudo o que deixa a terra em convulsões. Todas
as aleivosias, vierem de onde vierem. Todos os ultrajes. Todas as maquinações
que qualificam os fautores. Todas as palavras agrestes. Toda a retidão
ardilosa. Todas as lições de moral. Todos os descampados que são covis de
mastins esfaimados. Tudo. E o mais que assorear os dias que passam, adulterando
o futuro composto na teia dos sucessivos dias presentes. Tudo o que tiver
cambiantes plúmbeas (no que o plúmbeo for negação da estética). Todos os manjares
que aos olhos se assomam opíparos, escondendo cicutas fatais. Todas as casas
lúgubres, asilo de almas empobrecidas. E tudo o mais que empurra para a errância,
como se o ocaso viesse tingido de definitividade. Não colhem os cadafalsos que
se apreciam em sua falsa nudez, pois são cadafalsos e não paraísos onde apeteça
cair. Haja rigor interno para não decair nos braços de falsos querubins. Haja
lucidez para não ser despojado da interior têmpera, se não os braços caídos
podem ser arautos de outras más profecias.
Ao
contrário: as provações são desafios úteis. Bússolas que dão novas orientações
às coisas que importam, deixando as que desimportam no limiar do precipício que
as consumirá. Talvez interesse desviar o rosto quando as intempéries roçam os
seus limites. Talvez importe selar as irrelevantes coisas num sepulcro que as
torne definitivas e vãs. Para que não ser vítima aprisionada nas armadilhas de
que não se soube dar conta a tempo. E que não venha a destempo o tempo de as desarmadilhar.
Os poros fecham-se aos desassossegos que hipotecam o sono. Para ao sono ser
devolvida a maresia e através dela as palavras voltarem ungidas com as doces
pétalas do jasmim de algures.
Sem comentários:
Enviar um comentário