Mudhoney, “I Like it Small”,
in https://www.youtube.com/watch?v=7511NXJNV8o
(Dedicado
às pessoas que têm de si muito elevada consideração.)
É possível que o
espelho lá em casa amplifique a dimensão de quem nele se fita, adivinho que
demoradamente. Em sendo tão elevada a dimensão, não seria imoderado reagir com
virulência quando alguém escarnece de tamanhas sumidades. Assim como assim, e
tomando de empréstimo um adágio popular, não é filho de boa gente quem não
acusa o toque.
Mas não é preciso
exagerar na virulência. Não é preciso tomar parceria com a verborreia
desbragada para contra-atacar o ofensor. Um dia destes, ainda saltam umas
ideias túberas pelas hemorroides e fica um desarranjo que nem convém imaginar.
Porventura achacados com o motejo, deliberam ser necessário ripostar e, se
possível, em medida desproporcional. Como quem diz, para chiste de que se é “vítima”
(e esta palavra contém em si um programa de equívocos, como vou tentar provar
depois), virulência a rodos e demolidor julgamento de personalidade de quem
teve o topete de lubrificar o motejo. Duas modestas objeções: primeira, isto
não traz saúde, a apoplexia fica à mão de semear quando a linguagem imoderada e
os ataques soezes são o combustível do contraditório à judiaria de que se foi
vítima; segunda, gente importante desta estaleca nunca terá escutado outro naco
de sabedoria (desta vez, não de sabedoria popular), de acordo como o qual a
indiferença é a melhor resposta quando somos incomodados.
Até podia arrotear um
caminho alternativo: as pessoais importunações devidas a ultraje cimentado por
outrem nem sequer deviam ser o fermento de uma importunação. Se houvesse método
interior que convencesse que não nos devemos levar muito a sério, os
escarnecimentos alheios sobre a nossa pessoa seriam olimpicamente encaixados
sem dano visível. Mas isso esbarra naquelas pessoas que, talvez por gene
narcisista, se têm em muito elevada consideração e dão asas à desconchavada
petição de princípio que nos injeta virulenta reação quando achamos que a honra
é estragada pelos outros. Se não nos levássemos tão a sério, e se “infâmias”
destas tivessem uma abordagem lúdica, nem sequer fazia sentido alguém
considerar-se “vítima” de uma troça.
Quando for preciso,
darei o flanco. Provando, com um sorriso no rosto e um olhar sobre o luminoso
dia existente, que não me levo a sério. Façam o favor de me terem por intérprete
de pegas de cernelha (apesar de detestar tourada), de insinuarem que sou
covarde, de parodiarem o meu rosto por não ter tamanho para ser esbofeteado, ou
de apoucarem o meu trabalho (mau grado, esse sim, ser sério). Tanta incontinência
verbal e tantas promessas de violência (o método de quem não tem outro recurso
quando falta o resto) são escusados. Tiram o sono e anos de vida aos seus
autores.
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