Ryuichi Sakamoto &
David Sylvian, “Forbidden Colours”, in https://www.youtube.com/watch?v=X0u8UiVl0jg
As cores que dançam num céu claro. Constelação radiosa
que enfeita os enlevos, enquanto os olhos se adestram no entrecruzar das cores
que compõem a paleta dos sentidos. Cores várias, cores em circunstâncias que
mudam, cores que mudam na geografia dos sentidos, cores falantes. Cores que se
emprestam na sua volúpia, trazendo para dentro do palco os rudimentos do saber.
Cores que se vestem, cores que se desenham em papeis em branco, cores que imortalizam
um beijo, cores que rimam com um texto, cores que transpõem o paladar intenso
pela existência que se consagra. Cores que se ilustram no dealbar do dia. Cores
mutantes no tirocínio da luz que se transfigura com o passar das horas. Cores sarcásticas,
duplamente sarcásticas, mercê da impercetibilidade dos outros. Cores vadias,
selando as transgressões que apetecem para derrotar a mesmice dos iguais. Cores
com cor e as outras que se convencionou serem despidas de cor – pois nem apenas
as cores luxuriantes têm o predicado da cor. Assim sendo, o preto e o branco,
também. O preto e o branco como embelezamento de um pórtico retratado. Não necessariamente
ingrediente de uma retórica retro; servindo
também como ilustração de uma cor desmaiada, porventura em sinal de um estado
de espírito, ou apenas porque apetece despir as cores da sua cor. Cores das
bandeiras, a policromia criativa denotando a pluralidade de culturas que é ornamento
da humanidade, que é prova da sua imensa riqueza. Cores que esbracejam as
palavras exuberantes e as outras que se autolimitam nas palavras contidas.
Cores vividas por intermédio da música, que a música fermenta a impetuosidade
de cores à medida que desfilam paisagens mentais. Cores que são corpos, ou
corpos que são cores, numa transmutação de semelhantes. As cores de que se
gosta e as outras que não dizem nada à estética – e a riqueza plural que provém
da subjetividade no exame das cores. As cores diurnas e as cores noturnas. As
cores. De cor. E as outras que se aprendem. No amplo estuário dos sentidos embebidos
na miríade de cores oferecida em paleta prolixa.
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