Perfume Genius, “Queen”, in
https://www.youtube.com/watch?v=Z7OSSUwPVM4
Sem fio à meada. Começando nas intenções afiveladas para
um período de tempo (mesmo que sejam um caos sintático). Seguido de uma incursão
pelo significado escondido da obra de Roland Barthez. Possuindo os dados na mão,
atirados para cima da mesa para ver se é possível derrotar o adversário (ou será
o inimigo?). Apertando os atacadores dos sapatos sem linhagem e a caminho de
ficarem rotos. Lembrando a amesendação num restaurante requintado, com estrelas
Michelin a preceito, e de como de lá saiu com a sensação de ter ido ao engano a
uma peça de teatro mal encenada. Medindo os apuros dos frutos que se aprestam a
ficar decadentes e de como serão aproveitados, mesmo antes de serem tomados por
fungos, para produzirem um vinho de primeira igualha. Desconhecendo se vai
ouvir outra vez aquele disco que pôs a tocar em modo aleatório. Norteando os
sentidos pelos azimutes angariados no bornal das memórias, compulsando
paisagens ao acaso que, por junto, compõem uma tela mental. Fugindo de rótulos
e modismos, quaisquer que sejam as suas diferentes calibragens. Evitando a generosidade
com chancela social, pois fica dispendiosa e não tem a certeza se do exercício
sobeja apenas um instinto de autoajuda. Evocando discussões intermináveis sobre
a irrelevância do pecado como conceito operativo. Deitando no tabuleiro das
oportunidades as opções que se perfilam, seguindo-se aturado exercício
contemplativo das virtudes e desvirtudes de cada opção (antes de terminar o
exercício sem resposta convincente). Abraçando o amigo de que não tinha notícias
há tanto tempo. Percorrendo as sendas desertas da montanha em dia de intempérie,
como se fosse um punitivo exercício de recolhimento. Fugindo da roupa da moda. Entrando
em catedrais no desempenho de turística função. Dormindo depois de um lauto
almoço. Devolvendo um livro desinteressante ao anteparo da estante. Não sabendo
se o adeus àquela pessoa é definitivo. Tolhendo os instintos que se soerguem à
tona, para depois medrar no arrependimento. Arregimentando os subsídios de um
sonho extravagante para perceber se consegue confecionar um texto não épico. Colhendo
flores roubadas do alpendre da casa senhorial. Dedilhando o areal à procura de
um tesouro. Fazendo o nó da gravata, sabendo que não terá serventia. E
desconversando. Para fazer conversa sem esteio, apenas para derrotar o silêncio
que pode ser o selo da solidão excruciante. Nem que a teoria geral da descontextualização
seja apanhada na curva do seu ilogismo – o que também acaba por não ter importância
nenhuma.
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