25.12.04

Do mesmo local, olhando para o lado contrário (poente). O Pier antigo, fechado há largos anos na sequência de um incêndio. E que há dois anos acabou por sucumbir, sem forças para resistir à violência do mar na sua terrífica aliança com os ventos que aqui chegam vindos do sul. As pessoas espalham-se pelo passeio marítimo. Adivinham que estes raios de sol que vieram interromper a borrasca são dos últimos antes que a escuridão das estações adversas se instale de vez. Passeiam-se lentamente, calcorreando o cimento com passos lânguidos, como se esperassem demorar o mau tempo que por aí vem. O casal bem apressoado parece olhar com nostalgia para o cartaz estival que festeja o Verão e a praia. O semi-corpo desnudado que olha com deleite para o mar prazenteiro contrasta com a atenção do casal. O Pier derrotado anuncia-se no mesmo destino reservado ao cartaz e ao que ele simbolizou – o Verão, a luz diurna que se demorava por longas horas, os corpos sem o peso das roupas que são chamadas a agasalhar os desagradáveis e húmidos ventos que chegam a Brighton vindos dos lados do mar. Vêm dar lugar a um outro quadro, de refúgio, de recatamento nas lareiras que escondem as marcas do Inverno.

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