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Era
uma interpelação constante: as coisas deviam ter um prazo de validade? Como
saberíamos que a perenidade sempre fugaz (e que interessa a contradição de
termos?) se tinha esgotado? Seria quando as vidraças da nossa contemplação se
estilhaçassem, os restos dos vidros reduzidos a um insignificante pó
esbranquiçado deposto pelo chão imundo?
Às
interrogações que não cessavam de ecoar nos corredores do pensamento, as
respostas pareciam ausentar-se. Estavam em dívida perante o amontoado de
interrogações que acabavam órfãs de explicação. Todavia, a resignação não
cavalgava nos contrafortes da angústia. A demora nas respostas, as
interrogações que continuavam a morder os lábios do pensamento em fervura, eram
prova de vida. Os dedos percorriam o suor do rosto enquanto as respostas
tardavam e o deve e haver com as interrogações soçobrava num abismo
interminável.
Aquela
interrogação – sobre a durabilidade desejável de tudo – era um refluxo
contínuo. Um mapa de que andavas em demanda, quase como se nele viesse o
segredo para os nós maiores que não se desatavam. Achavas que era a resposta
mais importante que as interrogações fermentavam: por ela as mãos não haveriam
jamais de perseguir o erro – julgavas. Tudo haveria de ter a sua própria
bitola, um vestuário assentando à medida. Andavas em demanda da perfeição. E
por mais que vozes avisadas, muitas delas vozes experimentadas, dissessem que
não há arte de revelar a perfeição, insistias. Haveria uma bitola que fizesse
tudo encaixar na sua hermética medida.
Teimaste
na errância por anos a fio. Por fim aprendeste: que não importa medir a
durabilidade das coisas. Só nos damos conta que passaram do prazo quando o
retrocesso já não é possibilidade. Por fim, encontras a resposta à tão
importante pergunta. Pagas a fatura indelével: a por fim resposta encerra a sua
própria inutilidade. E percebes que a interrogação existencial era estéril. Porque
andavas rendido ao tempo tão déspota, o tempo que açambarca os movimentos e
manivela o pensamento.
Não
houvesse a traiçoeira deificação do tempo e a durabilidade de todas as coisas não
chegaria a subir ao pedestal das interrogações com serventia.