In http://4.bp.blogspot.com/_dAF5IqIFfd4/TPOz31ebwpI/AAAAAAAAD1o/En1k1EDJsK4/s400/como_limpar_o_seu_pc.jpg
Podia
ser sobre pedras no sapato – aquele cascalho incomodativo que morde na
impaciência, aquelas pedras que se entretecem no afivelado espaço entre a peúga
e a epiderme cansada dos pés. Podia. Mas vai ser nas austrálias dessas pedras.
O
que interessa é revolver os quatro cantos do mundo à cata das coisas belas que
fermentam um sorriso. As palavras ditas com emoção, os gestos afáveis, os
olhares cúmplices que profetizam palavras subentendidas. Esquadrinhar os
alfarrabistas da existência e descobrir o desconhecido, ou redescobrir o
outrora visitado com a decantação de umas lentes diferentes. Viajar pelas
paragens distantes, ler alfabetos ininteligíveis, embeber, se preciso for, as
culturas rudimentares sorvidas nos lugares recônditos, ou as culturas afamadas,
urbanas e cosmopolitas.
O
que importa é ver nascer a alvorada, um dia atrás do outro. Às vezes, fundir a
profunda noite com a luz clara que vem com o dilúculo. Acompanhado, espreitar
entre o raiar que desponta e derrota o crepúsculo nascente para fora do
horizonte. Receber de um animal as gratificações que as pessoas não sabem
oferecer. Cruzar com gente anónima recusando o rosto fechado – o rosto próprio
de uma lufa-lufa que se amanha nas apoquentações que se encavalitam nas folhas
desgastadas do calendário. Trautear a afabilidade, ensaiar um módico de simpatia
que nos faça desembainhar, do formol que o conserva, o fundo bom da espécie.
Talvez renegar o pessimismo antropológico, já que tanta desconfiança
materializa a pouca confiança de que seremos credores.
E,
talvez até, ascetismo. Subir ao alto de um promontório. Aspirar com toda a
força dos pulmões o ar fresco bolçado pela montanha tão alta. Fechar os olhos e
sentir as pulsões interiores, as convulsões em demanda de interna terapia. Levantar
a cabeça aos céus, convocar as almas dos entes queridos já ausentes, e receber
respostas às interrogações incessantes. Depois, num ápice, o mergulho corajoso
até o corpo perfurar com estridência as fundas águas frias que são o leito onde
nidifica a serenidade. A tão cobiçada serenidade. Ao som dos acordes de
melodias que evocam paisagens brancas e contrafortes das montanhas basálticas,
onde o vento parece que sopra com uma pureza incomparável. Uma pureza curativa.
É
tudo isto que importa. O resto, são vestígios inúteis.
Sem comentários:
Enviar um comentário