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Minhas
queridas:
Vossas excelências andam distraídas. E essa distração importa danos
para a vossa causa. Aqui vão uns exemplos de como não andam a tratar da causa a
preceito. São exemplos retirados de contextos que, por antinomia de interesses,
não são frequentados por vossas excelências. Quero acreditar que só por
desconhecimento é que ainda não agiram com a habitual voz firme de protesto.
Deixo aqui um modesto contributo.
Há
certames onde os fabricantes de automóveis mostram as novidades para os tempos
vindouros. As páginas da especialidade estão repletas de fotografias dos
automóveis engalanadas com esculturais meninas em trajes muito reduzidos e em
poses provocantes. Há psicólogos que retrataram a ligação entre automóveis e
lascívias mulheres que aparecem, quais adornos, a embelezar as fotografias dos
mesmos. Uns e outras mexem com a testosterona. Ora isto está profundamente
errado. As meninas recrutadas a agências de modelos são coisificadas. Cruamente
coisificadas. Vossas excelências, ó feministas exaltadas, ainda não lavraram o
protesto do costume. Podiam convocar um boicote aos fabricantes de automóveis
enquanto eles teimassem em usar mulheres como objetos decorativos do que produzem.
As empresas de transportes públicos talvez não agradecessem a deferência.
Outro
exemplo da vossa distração: nos jogos de futebol caseiros há um cerimonial aberrante.
Antes do jogo começar, as equipas e os árbitros alinham para a audiência em
forma de saudação. Entre os árbitros estacionam duas meninas outra vez em
trajes menores. Antes de os artistas da bola dedicarem impropérios aos
árbitros, desfilam à frente deles numa educada e hipócrita saudação. Passam
olimpicamente pelas meninas, como se fossem zeros à esquerda: as meninas não merecem
nem um aceno de mão. É como se fossem coisas que ali estão para emprestar um
colorido másculo à função (másculo porque excita as hormonas varonis). Não
serem cumprimentadas é um ultraje que as feministas ainda não testemunharam.
Termino.
Convencido que as feministas não leem jornais. Senão, quando os seus olhos
esbarrassem nas muito coloridas páginas de “anúncios de relax” (tal é o
eufemismo), já tinham exigido a proibição por decreto dos muito sugestivos
anúncios de mulheres que vendem o corpo – outra vez na tremenda coisificação da
mulher.
(Um
dia destes, ao deitar jornais onde a cadela urina nas horas de aperto, fiz uma
breve análise sociológica da página dos “anúncios de relax”. Metade eram de
travestis. O que dava para tingir páginas e eito com milhares de palavras...)
2 comentários:
...falha horrenda, Paulo: esqueceste o anúncio da Vodafone qual canto de sereia; passa em canal aberto e pretende incentivar a ida às aulas (não, ainda não se adoptou no ensino superior, nem público nem privado, hélas).
Tens toda a razão, Sérgio. Como me pude esquecer desse paradigma de atropelo aos direitos das mulheres?! E concordo contigo na matéria: hélas!
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