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Só
há esta saída: às desgraças que se repetem, àquelas desgraças que empurram o
alçapão ainda mais para baixo, sonoras gargalhadas. Quem as reprimir fica preso
nas teias de uma depressão maniqueísta. Esmagados perante estas desgraças, é preciso
rir. Rir, parafraseando Mário de Cesariny, “(N)o
riso admirável de quem sabe e gosta/ter lavados e muitos dentes brancos à
mostra”.
O
cambalacho da Madeira é o fio da meada. Um buraco orçamental do tamanho de
todos os precipícios que se despenham a pique desde os altos promontórios da
ilha. Diante do escândalo, um Jardim crucificado. Já esta crucificação soava a
falsete, pois muitos dos seus intérpretes deram para o bodo da prodigalidade
orçamental, e o Jardim, apesar de crucificado, atirou-se aos colonizadores do
continente. Se ele não se endividasse como se não houvesse amanhã, o continente
tinha esfarrapado a massa e os madeirenses eram uns pelintras. Muitos enojam-se
e chamam nomes feios ao Jardim. O mal deve ser meu, que encho o rosto com
gargalhadas tanta a pilhéria distribuída de graça.
E
já a barriga se condoía de tanta gargalhada junta quando aterrou a
pré-apoplexia motivada pelo cansaço da risota. O novo líder socialista, com o
costumeiro ar de bebé chorão e aquela pose de seminarista de alpaca, protestou
a mais indignada vergonha pelo regabofe madeirense. Atrás dele, a pandilha
socialista com acesso aos jornais chorou o seu pesar, o dedo em riste contra a
luminária a alguns chamam “Soba da Madeira”. Mas talvez sejam lágrimas de
crocodilo.
E
eu não sei. Não sei se a memória é curta, tão curta que a pré-bancarrota em que
o querido ex-líder nos deixou em legado se tenha apagado da memória das
nulidades socialistas. Não sei se apetece chamar nomes tão feios como os que
atiram ao Jardim da Madeira. Ou se apenas rio com os “lavados e muitos dentes brancos à mostra”. Não é todos os dias que
um líder socialista e um interminável, acéfalo séquito confessam a inutilidade
do PS na paisagem da política doméstica.
Nem
que seja por isto, um bem-haja ao Jardim sem vergonha.
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