8.9.11

São uns amadores – e é para levar a mal



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Uma ausência no estrangeiro trouxe-me tardiamente até isto: o primeiro-ministro e o número três do governo (o líder do outro partido da coligação) ameaçaram de mansinho a populaça descontente se ela vier para a rua fazer baderna em protesto contra a austeridade que cavalga no seu enfraquecido dorso. Os partidos da extrema-esquerda agradeceram a oportunidade, denunciando a tentativa de os silenciar (e ao povo soberano de quem se julgam legítimos porta-vozes, mesmo que as malditas eleições repetidamente não o confirmem).
Há duas maneiras de ler este episódio. Uma é levá-lo a sério. Nenhum amante das liberdades aceita um esboço de repressão da liberdade de expressão e da liberdade de manifestação união. Insinuar que a populaça tisnada pela endurecida austeridade deve comer e estar caladinha é um ultraje. É terçar com as mesmas desonrosas armas usadas pela extrema-esquerda. Seja qual for o motivo (os mercados que não gostam de contestação, ou supostos imperativos de soberania da nação), nada justifica pôr uma venda à frente da boca de quem quer manifestar o seu descontentamento.
A outra maneira de reagir é com humor, para aligeirar as nuvens negras que pairam sobre as liberdades. É imperdoável que alguém considere inadmissível a contestação de rua que, como é sabido, é habilmente orquestrada pelos comunistas e canibalizada pela extrema-esquerda caviar. Quem impede as manifestações de rua comete um crime de lesa-majestade. E não é tanto pelo grave atentado às liberdades. É por pretenderem roubar as imagens sempre fruitivas do folclore que estas manifestações dadivam. Dos cartazes com pregões a preceito, com uma criatividade que deixa a léguas a dos gurus da publicidade. Das aves de arribação que descem as ruas entoando os pregões rimados. Querem-nos retirar o melhor dos bombons: travarmos conhecimento com as recomendáveis mundividências da extrema-esquerda caviar e dos comunistas.
Impedir estas manifestações é como passar ao de leve os rebuçados pelos olhos dos petizes sem deixar que os comam. 

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