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Gunther
Oettinger. Fixem este nome, ó sacerdotes da portugalidade exaltada (ou
exaltados sacerdotes da portugalidade, tanto faz). O Sr. Oettinger pertence à
Comissão Europeia (presidida por um lusitano de gema, Durão Barroso). Talvez
etilizado, o comissário alemão propôs que “as bandeiras
dos pecadores da dívida poderiam ser colocadas a meia haste nos edifícios da
União Europeia”. Seria uma espécie de chicote virtual, o
contrário da fábula da cenoura e do burro. Ou, se nos desprendermos de
nacionalismos saloios, até podia ser a cenoura que faz falta – mas não vou atirar
mais gasolina para a fogueira.
E
a fogueira arde como se não estivéssemos no meio de um lodaçal insignificante.
Parece que às vezes fazem falta notícias a sério, daquelas que motivam reações
de enfado por motivos óbvios. É tudo ao contrário: vai por aí uma maré de
sentida indignação. É mais uma ofensa à portugalidade. É mais uma grotesca
manifestação destes novos hunos que já se esqueceram da segunda guerra mundial
e querem, em pezinhos de lã, chegar pela paz aonde não conseguiram chegar pela
mão de duas guerras. O Professor Boaventura e um punhado de acólitos é que a
sabem toda.
A
imprensa e políticos desaustinados não ajudam a varrer o lixo. Em vez disso,
espalham-no e chafurdam neste restolho. A notícia dá conta que a ideia
peregrina das bandeiras a meia-haste pertence à Alemanha (“Proposta parte
da Alemanha que quer bandeiras a meia haste nos edifícios da União Europeia,
como meio dissuasor”). Ora, o Sr. Oettinger não tem um cargo
alemão, tem um cargo europeu. Foi lá posto pelo governo alemão, é factual. Mas
tal como Durão Barroso não representa Portugal, o Sr. Oettinger não representa
a Alemanha. A incontinência verbal só pode ser imputada a quem teve a lustrosa
ideia.
Mas,
por estes dias, há por aí umas almas assanhadas que se afadigam em resgatar do
passado fantasmas que se pensava esvanecidos. Pedem a demissão do Sr.
Oettinger. Ou querem um ato mais humilhante – que o imbecil peça desculpa.
Deviam era perceber se o homem tem tendência para a bebida. A confirmar-se,
ninguém dava importância às palavras disparatadas do senhor comissário. Era só
espuma do dia. Fermentada na leveza de um nada.
6 comentários:
A imprensa e políticos desaustinados não ajudam a varrer o lixo. Em vez disso, espalham-no e chafurdam neste restolho.
Precisamente, mas há duas vias de causalidade (como sempre!):
1- emitir instantaneamente um atestado de incompetência pelo "capricho", aproveitando para sugerir testes psicotécnicos aos políticos (incluindo um rigoroso controlo de doping e testes de QI)
2- considerar uma notícia de grande relevância TUDO o que exale de tão somíticos lábios (quanto mais "everéstico" o cargo, menor a frequência de conferências de imprensa). Aqui entraria um qualquer provedor, que proporia os mesmos testes aos jornalistas e "derivados", mas um "paquete" é como uma nota de 500...
Ficamos por aqui, que já estou a "descer ao chinelo"...
Percebo a preocupação, mas não achas que os métodos seriam um pouco...estalinistas?!
(risos)
Não digo que não, mas já não há tempo a perder com tolices destas.
Seria qualquer coisa como fight fire with fire
Pergunto-me se este é o real resultado da democratização da elite política...
Não é o produto da democratização das elites; é o produto da sua banalização...
E cuidado, que na maior parte das vezes a lei de Talião (olho por olho, dente por dente) dá mau resultado...
Nenhuma delas (banalização vs democratização) me deixa mais despreocupada. Parece que a silly season teima prolongar-se pelo ano inteiro!
Talião não resolve problemas, definitivamente... mas, a curto prazo, consegue proporcionar uma sensação prazenteira!
É um facto: isto é uma muito demorada silly season.
Percebo-te: imaginar uma cruel punição a estes amadores dá prazer (ao menos) intelectual!
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