In http://www.navigadget.com/wp-content/postimages/2007/06/go-520-tomtom-022.jpg
A
frase ecoava nos interstícios do pensamento, incessante. Já não se lembrava de
onde vinha a leitura daquela frase, ou se tinha sido exortada por alma amiga.
Aquelas palavras iam e vinham, eram marés contínuas que abraçavam o torpor que
emergia enquanto o olhar se perdia no firmamento, resoluto na decifração do
enigma contido naquela frase.
Teriam
serventia as bússolas, as detalhadas cartas militares que revolvem os segredos
do terreno, os azimutes escondidos, até os quadrantes resgatados à sucata das
atuais inutilidades? Recusando a apoplexia, pousou o dorso da mão sob o queixo
e inscreveu a rota no bornal das próximas-coisas-a-fazer. Na posse de todo
aquele material, conseguiria tirar em duas penadas as bissetrizes da rota
acertada. Por mais que as aparências dissessem que se tinha perdido, as
ferramentas de orientação resolviam o enigma.
Todavia,
havia uma pulsão que não conseguia domar: cansado de saber onde estava, cansado
de pisar sempre as mesmas ruas, entregava-se à errância. Fugia sem destino,
arremetendo pelas encruzilhadas que apareciam pela frente só com a ajuda do
impulso do momento. Não decantava esses impulsos. Mergulhava de cabeça, com uma
voracidade implacável, nos caminhos desconhecidos. Até por caminhos que não
tinham marcação nas miudinhas cartas militares. Os pés, de tanto palmilharem o estranhado
terreno, não gritavam o cansaço esperado. Embebiam-se nele enquanto o corpo se
saciava no aluvião de nutrientes fermentados pelos caminhos desconhecidos.
Sabia
que por mais que as bússolas se desorientassem, por mais que o pânico se
insinuasse e os interiores sinos dobrassem por se achar perdido no meio de um
imenso nada, tudo era o seu contrário. Sossegava-se enquanto as distantes
palavras (já não sabia se lidas ou escutadas) continuavam a ecoar no recôndito
pensamento: “para te perderes e saberes
sempre onde estás”.
Mas
afinal, era só publicidade a um aparelho GPS.
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