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Também vinha nas notícias. A
culpa é da crise: os utentes das repartições públicas andam com os nervos à
flor da pele e debatem-se com falta de paciência. Se calha em não gostarem da
informação trazida pelo funcionário público, zás, sai bofetada ou pontapé. É
uma injustiça tremenda. Logo neste ano, que os funcionários públicos não podem
ir de férias nem podem comprar as prendas habituais do natal, que se acabaram
os subsídios respetivos.
Para se repor a justiça, os
funcionários públicos teriam o direito de agressão aos utentes mais agressivos.
Como a crise e as nuvens sombrias que se acastelam no estertor do horizonte são
o fermento do enervamento, e como o enervamento ferve a impaciência até ao ponto
de ebulição, a violência devia merecer desagravamento porque aplaca os nervos
em franja. As vítimas da violência seriam bons cristãos e dariam a outra face
em sinal de respeito e consideração pelas dores que afetam os violentos.
Valeria a bolsa de desafetos e sobressaltos. Quem entrasse na zona vermelha das
problemáticas sensoriais seria autorizado a expelir as excrescências biliares
através de uns sopapos, uns calduços, uns pontapés.
A exceção à panaceia das vítimas
seriam os funcionários públicos. É que eles tratam da coisa pública. Merecem
consideração especial. São os últimos a terem de passar pela bestialidade dos
boçais que aparecem na repartição exalando frustrações. Eles atendem o público,
mas não têm de atender os caprichos do público. Um dia destes, ainda tinham de
prestar outros serviços que requeressem maior grau de intimidade.
O governo devia arranjar tempo
para estudar uma proteção eficaz para os funcionários que zelam pela coisa
pública. Uma alcateia de pitbulls,
daqueles treinados para a agressividade, não era má ideia. Era uma oportunidade
de negócio (para criadores da raça) – e se tanto se apregoa o crescimento
económico, a oportunidade não era desaproveitada. Ai de algum utente que
pusesse o pé um ramo verde; à primeira vozearia, um pitbull arreganhando a dentadura e rosnando a preceito, em pose
ameaçadora, era quanto bastava. Esperar-se-ia que os canídeos não perdessem a
bússola. Senão, desatavam a cuspir a agressividade genética sobre os
funcionários públicos. E isso é dispensável.
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