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O admirável microcosmos do
marketing, outra vez. Ainda há truques que desconhecemos? Temos a mania que
somos perspicazes, que não escapam as patranhas dos feitores de marketing, pois
estamos dois passos à frente da vanguarda criativa em que transitam aqueles
profissionais. De outras vezes, duvidamos dos desideratos de quem cozinha o
marketing, por exemplo, das cadeias de hipermercados e afins. Primeiro, a
publicidade ata-se a uns critérios de duvidoso valor estético. Não é de
estranhar. Aqueles lugares são, talvez, dos que têm clientela mais democrática,
pois tanto o povaréu remediado como a burguesia bem posta na vida e até os mais
endinheirados estacionam nas prateleiras dos hipermercados. Segundo – e é aqui
que pretendo desaguar – há de estar por vir o dia em que nos explicam por que
têm voz radiofónica as meninas que dão a boca ao microfone. Sempre que o ambiente
sonoro dos hipermercados é invadido por anúncios que propagam uma voz
invariavelmente feminina, essa é uma voz que parece ter feito tirocínio numa
estação de rádio. Chegou-me aos ouvidos que os funcionários destes
hipermercados passam por um intenso programa de reeducação para serem aí
funcionários. Uma disciplina do tirocínio será dada por vozes radialistas que
ensinam os rudimentos da colocação da voz, soletração e timbre (isto serei eu a
adivinhar). As vozes serviriam para voz off
em anúncios radiofónicos, ou até em publicidade televisiva. Escapa-se-me ao
entendimento as vozes radiofónicas dentro de hipermercados. Na lógica da
satisfação das vontades da maioria, e em sendo esta terra cada vez mais um
lugar de gente remediada que esconde as peúgas rotas pela crise, porventura os
profissionais do marketing terão descoberto que o cliente deixa mais dinheiro
nas caixas registadoras se uma voz feminina e radiofónica se debruçar sobre o
microfone e entoar a mensagem para enfeitiçar o cliente. O mal deve ser meu,
que ainda hoje notei na coisa muito janota: admirado com o jeito da menina para
locutora de rádio, nem percebi o que ela tinha acabado de lengalengar.