23.10.12

Os insultos são mel em cima da pele


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Será que se nos mede o mau carácter pelas vezes que fomos insultados? Pior: quantas vezes fomos insultados pelas costas? E interessa sabê-lo – que algum hipócrita alinhavou umas palavras que, soubéssemos delas mercê do sentido auditivo, ficaríamos ofendidos? Estas perguntas são inúteis. E mais inúteis são as respostas. Como inútil é o insultado condoer-se. Do lado de quem fica iracundo e berra um insulto, há a necessidade de destilar o fel que mortifica o fígado. Se ficar melhor depois do insulto, o insultado sabe que contribuiu para o bem-estar de alguém. Ser insultado é um ato de generosidade. Do lado de cá, recebe-se o insulto. Com paciência. Sem perder a pose serena. Sei de alguns que logo diriam, parafraseando o povo que não perde oportunidade para inventar adágios a preceito, “quem não se sente não é filho de boa gente”. E que a um insulto se deve ripostar. Discordo. Um insulto não merece que se perca o olhar. De frente para um insulto, os olhos só podem fazer isto: ou se viram para o outro lado, deixando o insulto a macerar na sua irrelevância (porque é um delírio de quem insulta); ou continuam virados para o outro lado, porque o insulto é consequente e fizemos por o merecer – assim como assim, santos não os há na vida terrena. Um insulto nunca é coisa avulsa. As palavras que insultam são, como sabemos, pesadas na balança que mede as consequências do que vai ser dito. É por isso que até os ateus, aqueles que o foram desde nascença e os outros que ao ateísmo se entregaram com o curso da idade, devem aplicar um princípio cristão: diante de um insulto, dar a outra face. Perguntar, a quem insulta, se não quer aproveitar para proferir mais um insulto (como se os insultos estivessem em saldo). E depois cada pessoa vai à sua vidinha. O insultado vai mais rico, porque uns atributos (pouco recomendáveis) foram adicionados à sua repleta personalidade. E quem insultou, aliviado por ter insultado. 

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