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(Anteontem no
Público, a propósito do livro “Faz o
curso na maior”, de Nuno Ferreira e Bruno Caldeira: “Não é preciso andar sempre agarrado aos livros para se ter boas
notas no ensino superior. Ter vida social é tão importante para o futuro como tirar
o curso. Muitos professores são chatos. Quase todos os alunos copiam.”)
Isto do conhecimento é uma chatice. Ter
um canudo, se fosse feito como os chatos dos professores querem, seria uma
tortura. Lá por eles terem sido “marrões” quando andaram a estudar, sem saberem
o sabor de uma festa onde nunca caíram podres de bêbados, e agora se armarem em
“adiantados mentais”, não podem os mais jovens pagar pela vida sensaborona dos
professores. As universidades não podem ser corredores austeros onde se pratica
a castração do hedonismo. A idade em que a maior parte dos estudantes frequentam
universidades é uma idade sensível. É aí que se cultivam amizades à força do
álcool e das tunas e das praxes que socializam (um inestimável serviço, ainda
por cima gratuito, que os veteranos prestam aos caloiros). Para quê queimar
pestanas se podemos viver as sensações que livro nenhum proporciona? A lógica
tem de ser de mínimos. Mínimo estudo. Mínimas as aulas (que os professores são
seres desinteressantes, mesmo os que têm trejeito de compinchas e querem a
companhia dos estudantes em reflexo condicionado de juventude em movimento
perpétuo). Auxiliares de memória: aí sim, lógica de máximos para poupar
neurónios que podem ser úteis mais tarde. Mínimas as notas, se não houver outro
remédio. O que interessa é embolsar o canudo. Em sendo em anos superiores aos
previstos, maior a folgança. Sinal de que os anos de estudante foram espremidos
em máxima recreação (inversamente proporcional ao investimento no estudo). Os
adultos em mais avançada idade deviam ser compreensivos. Mal deitem a mão ao
canudo, os jovens sabem do trauma que os espera: ou vão trabalhar e lá se fina
o folguedo, ou batem de frente no desemprego e continuam mergulhados num
trauma. O mal, o mal mesmo, é que os estudantes estudam na idade errada.
Aliviar o fardo do estudo (como ensinam os autores de “Faz o curso na maior”)
devia merecer um Nobel qualquer.
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