22.10.12

Roubaram o orçamento geral de Estado


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O secretário de Estado saiu do ministério a altas horas. Trabalhara-se no orçamento geral de Estado pela noite dentro (os prazos mordiam nas canelas e era quase dia de apresentar o documento à presidente do parlamento). Estremunhado, desceu à cave onde o motorista o aguardava. Não era o senhor Diamantino, o motorista habitual. O secretário de Estado refastelou-se no banco de atrás, deitando a mala do computador que trazia o orçamento geral de Estado. Ouviu uma voz rouca: “o Senhor Diamantino adoeceu. Venho substituí-lo. Levo-o a casa, senhor doutor?” O secretário de Estado acenou com a cabeça e recostou-a, fechando os olhos. Uns minutos depois, o carro parou. Havia sirenes e luzes de emergência, talvez de ambulâncias, talvez de carros da polícia, que incomodaram o refúgio dos olhos. “Veja o que se passa”, ordenou ao motorista, devolvendo os olhos à escuridão. Uns instantes depois, uns homens abriram uma porta traseira e roubaram o computador portátil. O motorista tinha desaparecido, o que seriam as ambulâncias ou os carros da polícia disparando os néon de emergência, também tinham sumido. Estava sozinho num ermo. Não se inquietou: naquele computador estava apenas uma das cópias do orçamento geral de Estado. E ele sabia conduzir. Mas aquela noite estava fadada para o sobressalto. Dormia há uma hora e o telemóvel de serviço tocou. Do outro lado, o ministro. Ele não comunicara o roubo à polícia. Estava tão consumido pelo cansaço, que pegou no carro e foi em piloto automático até casa, onde o aguardava um pedaço de sono. O ministro contou-lhe, aflito, que uns piratas informáticos deitaram a mão ao computador portátil do secretário de Estado e, com a ajuda de um programa de infiltração, identificaram todos os computadores onde estavam gravadas cópias do orçamento geral de Estado. Depois entraram na rede do ministério e conseguiram apagar, uma atrás da outra, as cópias do orçamento geral de Estado. Não havia orçamento geral de Estado. E os piratas avisaram: não tentem recuperar o orçamento geral de Estado através de uma pen drive, que logo será apagada da memória toda a informação. Não havia orçamento geral de Estado. Só havia uma ameaça: que o governo não insistisse neste orçamento geral de Estado, que logo a artilharia da pirataria informática seria usada. 

2 comentários:

Sérgio Lira disse...

bom demais para ser verdade :)

PVM disse...

Sérgio, isto é que era um desafio para os hackers...