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O secretário de Estado saiu do
ministério a altas horas. Trabalhara-se no orçamento geral de Estado pela noite
dentro (os prazos mordiam nas canelas e era quase dia de apresentar o documento
à presidente do parlamento). Estremunhado, desceu à cave onde o motorista o
aguardava. Não era o senhor Diamantino, o motorista habitual. O secretário de
Estado refastelou-se no banco de atrás, deitando a mala do computador que
trazia o orçamento geral de Estado. Ouviu uma voz rouca: “o Senhor Diamantino adoeceu. Venho substituí-lo. Levo-o a casa, senhor
doutor?” O secretário de Estado acenou com a cabeça e recostou-a, fechando
os olhos. Uns minutos depois, o carro parou. Havia sirenes e luzes de
emergência, talvez de ambulâncias, talvez de carros da polícia, que incomodaram
o refúgio dos olhos. “Veja o que se passa”,
ordenou ao motorista, devolvendo os olhos à escuridão. Uns instantes depois,
uns homens abriram uma porta traseira e roubaram o computador portátil. O
motorista tinha desaparecido, o que seriam as ambulâncias ou os carros da
polícia disparando os néon de emergência, também tinham sumido. Estava sozinho
num ermo. Não se inquietou: naquele computador estava apenas uma das cópias do
orçamento geral de Estado. E ele sabia conduzir. Mas aquela noite estava fadada
para o sobressalto. Dormia há uma hora e o telemóvel de serviço tocou. Do outro
lado, o ministro. Ele não comunicara o roubo à polícia. Estava tão consumido
pelo cansaço, que pegou no carro e foi em piloto automático até casa, onde o
aguardava um pedaço de sono. O ministro contou-lhe, aflito, que uns piratas
informáticos deitaram a mão ao computador portátil do secretário de Estado e,
com a ajuda de um programa de infiltração, identificaram todos os computadores
onde estavam gravadas cópias do orçamento geral de Estado. Depois entraram na
rede do ministério e conseguiram apagar, uma atrás da outra, as cópias do
orçamento geral de Estado. Não havia orçamento geral de Estado. E os piratas
avisaram: não tentem recuperar o orçamento geral de Estado através de uma pen drive, que logo será apagada da
memória toda a informação. Não havia orçamento geral de Estado. Só havia uma
ameaça: que o governo não insistisse neste orçamento geral de Estado, que logo a
artilharia da pirataria informática seria usada.
2 comentários:
bom demais para ser verdade :)
Sérgio, isto é que era um desafio para os hackers...
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