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Dez gratuitos dias de crise
sob a batuta de sua excelência, Cavaco de Boliqueime. Dez dias deitados fora. Sua
excelência procura negar a evidência e doura a pílula, exortando os cidadãos a
serem compreensivos com as suas intenções. Cavaco, o de Boliqueime, ficou
contente apesar de os partidos que convocou ao entendimento não terem feito a
vontade. O que sobra de bom, para Cavaco de Boliqueime, é que os três partidos
“que representam 90% dos deputados” (registe-se a ênfase) se sentaram à mesa para
negociar. Coisa inédita. Agora ficámos mais parecidos com os 75% dos países de
média dimensão da União Europeia onde os governos são cozinhados de coligações
alargadas, como sua excelência tanto ambicionava. Como se tudo o que se copia
do estrangeiro seja credor de merecimento, sem fazer dos imitadores
incorrigíveis saloios.
Cavaco de Boliqueime pegou
nas cartas para refazer o jogo. Baralhou-as e repartiu o mesmo jogo, sem tirar
nem pôr. Está é a análise consensual dos que se dedicam a decifrar a política
caseira e, tarefa mais espinhosa, o discurso e o pensamento de Cavaco de
Boliqueime. Os cônjuges do governo rejubilaram. Vão continuar a governar
(mantendo-se até ao fim do tempo as sinecuras que agora são suas) e estão
convencidos que não houve “salvação nacional” por causa da teimosia dos
socialistas. Estes estão incomodamente resignados. Queriam deitar a mão ao
poder o mais cedo possível, dizendo uma coisa (“interesse nacional”) que é
eufemismo para o que nela se esconde como intenção (chegar ao poder o mais
depressa possível e satisfazer as muitas clientelas que já sonham com cargos
vários à sombra das sondagens que lhes são simpáticas).
E eu tenho a impressão que as
reações estão equivocadas. Cavaco de Boliqueime fez um favor milionário aos
socialistas. Só não sei se Cavaco de Boliqueime sabe que acabou de fazer esse
favor com a estrangeirinha que montou durante dez inúteis dias. Eis as coisas na
sua perspetiva futura. Primeiro ato: este governo vai continuar até ao fim dos
dias que lhe estão destinados, com a bênção contrariada de Cavaco de Boliqueime.
Segundo ato: embebido na incompetência que lhe é genética, o governo (e os
partidos nubentes) vão continuar a fritar em lume brando até à véspera de
eleições. Terceiro ato: mais e mais votantes, cansados dos partidos que agora
governam e achando que a política caseira é binómia (se não é o PSD tem de ser
o PS), vão querer votar nos socialistas só para punir quem tanto lhes pisou os
calos nos últimos dois anos e meio (e nos próximos dois anos e meio). Quarto
ato: arriscamos – e a palavra é para ser levada no seu sentido literal, de
risco no que risco significa de problemático – a ver os socialistas triunfar
nas eleições de 2015 com maioria absoluta.
Nesse dia, os socialistas não
se podem esquecer de agradecer, e penhoradamente, a sua excelência Cavaco, o de
Boliqueime.
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