In http://3.bp.blogspot.com/-kosCvtInoGs/TluKWq9DSEI/AAAAAAAACG0/Ahgyca-B7Ec/s400/violencia%2Bno%2Bbrasil.jpg
No banquete hediondo da
violência, os rapazes inocentes decaíam suas vítimas. Eram, todavia, os agentes
maiores que por ali sucumbiam. Aprenderam a ser vítimas sem alguma vez arranjarem
arsenal que fosse sua defesa.
O ar podre não os demovia das
convicções. Estouvados, os outros, fautores da maldade transformada em
violência, riam-se da sua ingenuidade. Estavam convencidos que eram predadores,
elevados a uma bruta condição de superioridade, e que as suas vítimas não
sabiam aprender a deixar de o ser. Que assim eram – dir-se-ia por mera distração
– as suas vítimas preferidas. Os fracos que não esboçavam resistência quando
lhes dobravam o braço, quando a força bruta sobre eles caía abrindo feridas que
depressa cicatrizavam. Revista a formalização: os andarilhos da paz não eram as
vítimas preferidas dos predadores; eram suas únicas vítimas. Os mais fracos.
Era só neles que se abatia a violência soez. E continuavam a recebê-la em silêncio,
resignados à fraqueza pactuada. Em arremedo de valentia, alguns predadores invetivavam
os mansos rapazes a deitarem mão às mesmas armas. Sabiam que sendo mais fracos,
e inexperientes na destreza dos ardis marciais, tinham célere destino traçado. Perderiam
à mesma. E sabiam que os rapazes eram geneticamente adversos à violência, quase
pareciam monges tibetanos encerrados numa hermética paciência que impacientava
os violentos.
Os rapazes adormeciam com as
dores dos eczemas e com o conforto de aos algozes endossarem a hipocrisia.
Nunca lhes fora dado a ver um ato de violência sobre outros que com eles concorressem
em força bruta. Adormeciam, depois de anestesiarem as dores, as físicas que as
morais não chegavam a assomar. E no sono estimavam-se beligerantes sem arsenal.
A sua arma maior, uma arma que não ecoava na violência beligerante, era a
paciência.
Uma vez, o verniz pouco que
habitava nos violentos esboroou-se na militante resignação dos beligerantes da
paz. A violência praticada sobre um deles foi tão atroz que se finou no chão
molhado de uma rua esconsa. Os beligerantes da paz reuniram-se em conclave. Não
perderam a pose serena. Lamentaram a morte de um dos seus. Teceram seus prantos
em silêncio, como era devido. À saída do conclave, clandestinamente a coberto da
profundidade da noite, afixaram comunicados nas paredes das ruas movimentadas. Mandavam
dizer que os tutores da força bruta eram merecedores do seu perdão.
Sem comentários:
Enviar um comentário