10.7.13

Os beligerantes sem arsenal


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No banquete hediondo da violência, os rapazes inocentes decaíam suas vítimas. Eram, todavia, os agentes maiores que por ali sucumbiam. Aprenderam a ser vítimas sem alguma vez arranjarem arsenal que fosse sua defesa.
O ar podre não os demovia das convicções. Estouvados, os outros, fautores da maldade transformada em violência, riam-se da sua ingenuidade. Estavam convencidos que eram predadores, elevados a uma bruta condição de superioridade, e que as suas vítimas não sabiam aprender a deixar de o ser. Que assim eram – dir-se-ia por mera distração – as suas vítimas preferidas. Os fracos que não esboçavam resistência quando lhes dobravam o braço, quando a força bruta sobre eles caía abrindo feridas que depressa cicatrizavam. Revista a formalização: os andarilhos da paz não eram as vítimas preferidas dos predadores; eram suas únicas vítimas. Os mais fracos. Era só neles que se abatia a violência soez. E continuavam a recebê-la em silêncio, resignados à fraqueza pactuada. Em arremedo de valentia, alguns predadores invetivavam os mansos rapazes a deitarem mão às mesmas armas. Sabiam que sendo mais fracos, e inexperientes na destreza dos ardis marciais, tinham célere destino traçado. Perderiam à mesma. E sabiam que os rapazes eram geneticamente adversos à violência, quase pareciam monges tibetanos encerrados numa hermética paciência que impacientava os violentos.
Os rapazes adormeciam com as dores dos eczemas e com o conforto de aos algozes endossarem a hipocrisia. Nunca lhes fora dado a ver um ato de violência sobre outros que com eles concorressem em força bruta. Adormeciam, depois de anestesiarem as dores, as físicas que as morais não chegavam a assomar. E no sono estimavam-se beligerantes sem arsenal. A sua arma maior, uma arma que não ecoava na violência beligerante, era a paciência.
Uma vez, o verniz pouco que habitava nos violentos esboroou-se na militante resignação dos beligerantes da paz. A violência praticada sobre um deles foi tão atroz que se finou no chão molhado de uma rua esconsa. Os beligerantes da paz reuniram-se em conclave. Não perderam a pose serena. Lamentaram a morte de um dos seus. Teceram seus prantos em silêncio, como era devido. À saída do conclave, clandestinamente a coberto da profundidade da noite, afixaram comunicados nas paredes das ruas movimentadas. Mandavam dizer que os tutores da força bruta eram merecedores do seu perdão. 

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