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A frequência de balneários é uma
pedagogia. Quem não conseguir fazer de conta que não escuta as conversas, não foge
ao empanturrar de lições da masculina boçalidade. Ele são ainda os jovens que
cavalgam nas hormonas e destilam sapiência na arte da sedução (quando a sedução
rima com soez humilhação das parceiras, habituais ou ocasionais). E ele são os
mais velhos, os que não andam longe da andropausa e os que já lá habitam, de
pergaminhos certificados no meio social, mas exímios na linguagem de caserna.
Talvez o defeito meu seja não
entender por que um membro da masculina confraria tem de exibir galões de
boçalidade. Ou, se calhar, os balneários estão contaminados com um vírus que
desembainha o desbocamento dos machos que, através de linguagem desbragada e de
ideias primatas, alardeiam a certidão marialva. Que os mais jovens, ainda na
borbulhagem das hormonas salivares e sitiados por uma indigência mental
risível, o façam, é um naco de imaturidade a bolçar no seu próprio refluxo. Que
a diarreia boçal seja vociferada por senhores aparentemente bem postos
(retirado do contexto das conversas de que fui involuntária testemunha), é
porque estes senhores, empresários impecáveis, também transitam na ignorância
contumaz, ou, em o não sendo, sentem uma irreprimível pulsão pélvica e o
discurso desce ao nível do lugar onde eram segregadas as hormonas viris.
E esta gente ufana-se de fazer de
cada mulher um objeto apenas. Vangloria-se de proezas talvez idas – e talvez
por isso se vanglorie, para resgatar ao passado memórias que são uma evocação
trazida para o impotente presente. É a mesma gente que me faz acreditar na
necessidade de sindicatos (assegura-o quem desvaloriza a existência de
sindicatos), tamanha a sobranceria que cola aos patrões a pior das conotações. Se
a linguagem de caserna é imperativo de socialização, como credencial que só
depois de emitida admite o candidato à conversa da tribo, prefiro a solidão de
género.
Os outros, os que querem admissão à
tribo lorpa, por contágio, dão a sua achega para o rosário de boçalidades. Que,
de tantas serem, deixa no ar um odor a latrina.
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