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Uma lei da economia: a lei da utilidade marginal decrescente. Em
linguagem para leigos: a utilidade que tiramos de uma coisa perde-se à medida
que se dá a utilização da coisa. Ou, como diz o povo, o que é de mais cheira
mal.
Os concertos de música deviam ficar por aquela altura em que os
artistas dizem adeus. Sabemos que não é adeus, é até já. Vão para os camarins
só para escutarem o clamor da audiência que os quer de volta para um encore. Ou dois, ou três. De cada vez
que finda um encore e os artistas se
devolvem ao sossego dos bastidores, a turba entusiasmada continua a patear e a
assobiar, no ritual de chamar os artistas de regresso ao palco. Para mais um encore. Parece que a audiência não se
cansa da função. Parece que estaria a noite fora, se possível fosse (que os
artistas têm os seus limites de resistência física e os contratos não deixam que
os concertos se eternizem), em coletivo êxtase a ouvir os artistas, encore atrás de encore. Até que todos atingissem o limite da resistência física, ou
quando a música deixasse de fazer sentido – portanto, quando já tivesse perdido
utilidade.
Podia ser, na música, como nas peças
de teatro ou no cinema. Temos direito ao produto que é a peça ou o filme. O encore é proibido. Dirão que a
comparação com o cinema é desfasada, que o cinema é em diferido e os concertos
de música são em direto. Mas as peças de teatro também o são. E não há
repetições em palco depois de o elenco fazer a habitual vénia em agradecimento
aos aplausos demorados da audiência. No teatro sabem respeitar a lei da
utilidade marginal decrescente. A medida exata.
Os encores soam a excessivo, e quantos mais forem pedidos maior é a
medida da desproporção. O encore é sinónimo
de enfartamento. Só um coletivo êxtase, deixando a audiência num estado de anestesia
também coletivo, dá amparo à droga dura que é a dependência do encore.
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