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Já que a latitude não oferece um natal branco, que nos sobre a
possibilidade de um natal tempestuoso. A tempestade meteorológica, bem
entendido, com vento em velocidade excessiva, chuva em catadupa, água a
cercar-nos pelos lados que há. E as pessoas em sua azáfama matinal, que as
últimas compras ficam sempre para o fim, molhadas até aos ossos, os seus rostos
piedosamente clamando pelo aconchego da casa.
Até que lá cheguem, mais água sobre os agasalhos, e quando os
agasalhos não aguentam tanta água, ela verte-se nos ossos. Até que lá cheguem,
vão de carro ou a caminho da paragem do autocarro, metem os destemidos
guarda-chuvas à intempérie. É vê-los dobrados, incapazes de sobreviverem ao
vento em excesso de velocidade. Virados do avesso, a armadura metálica deixando
voar o tecido que devia amparar a chuva, e mais uma bátega de água encharcando
o corpo que nunca pediu tanto por casa como numa véspera de Natal tão molhada.
Pela rua, o lixo muda de feição. São guarda-chuvas que perderam
serventia, assassinados pela tempestade que se pôs. Um cemitério de
guarda-chuvas. Quanta serventia a sua, se era tão vertiginosa a velocidade do
vento? Até que fossem depostos já fatal caricatura da função que devia ter sido
sua, deram a luta que puderam dar. Bem queriam ser uma campânula onde os seus
donos se abrigassem da chuva desbragada soprada pelo vento furacanado.
Debateram-se, com a solidariedade interessada de seus donos, que enquanto os
ajudavam na luta desigual faziam esgares de desprazer, tanta a quantidade de
água com a bênção das nuvens que sobre eles se abatia. A maior parte dos
guarda-chuvas terá morrido em combate, tamanho o cemitério deles pelas ruas
espalhado.
Daqui a uns dias, os consultórios de
médicos e as urgências dos hospitais estarão apinhados com gente engripada.
Ainda não houve quem fabricasse guarda-chuvas à prova de furacão. A indústria
devia pedir conselhos aos peritos (do clima e da resistência de materiais).
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