In http://www.chucrutecomsalsicha.com/archives/2011/limones1S.jpg
A antipatia é um couraçado. A antipatia
como ardil, prevenindo que os outros que se achegam depressa queiram ser
intimidade.
O melhor é erguer uma muralha. O rosto
veste-se de trombas. Ensaia-se uma rudeza que, ao primeiro contágio, é medido
pelos outros como sintoma de antipatia. O ardil pode ter ramificações. Ao
esbarrar noutros que não ajuízam o couraçado que foi lançado a águas profundas,
testam-se os limites que convocam alguma boçalidade, a proclamação de palavras
que soam a algo semelhante a sociopatia, rosnando se preciso for. Os tempos
sombrios e a decadência geral a tal obrigam, dir-se-ia. O diagnóstico fica ainda
mais carregado de nuvens pesadas. E se o ciclo não muda, alquebrando o seu
irremediável passo que tem o condão de ensombrar, ao tempo que passa, os
pergaminhos do grupo envolvente?
De fora ficam líricos que porfiam na
bondade da espécie, ancorados na terapêutica que é a imersão no grupo. Todavia,
é mais numeroso o exército dos descamisados que preferem correr de peito aberto
ao frio vento que sopra na rua a ombrear com a desconfiança que alastra entre
os pares. À cautela, espremem-se limões sobre o rosto, para o rosto se embeber
na acidez do sumo derramado – a semente perfeita da antipatia. Um pé atrás é a
medida acertada para os tempos decadentes que nos dizem ser os de agora. Mesmo
que assim os não sintamos, não nos deve ser permitido destoar dos oráculos que
destilam gratuita sapiência e advertem para os malefícios da sociedade.
Depois de amanhã, enquanto mais gente
perder a fé na lírica forma de ser e se for alistando ao exército dos desbeneméritos, o ar ficará
irrespirável. Nessa altura, só à força de máscaras de oxigénio será possível
sair à rua. Ao menos ninguém os verá, aos mascarados que depressa se auto denunciam
a ostentar a tristonha, misantropa face colonizada pelo perfume dos limões.
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