In https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPntSVVQVKvIUOAhL8pSOQCxlB8a3FDnjDOoB0wLCY4ohxvLmIRHcmnXXhnczuGyB26N5ktBKc7-2hLn5iYJzXtqZuqC8zj_ELbiLbXGuXfruM_5Ft_rbhtE_a0uO902u13tRp/s1600/2-9.jpg
As generalizações não são boa medida.
Também sei que há uns anos satirizei uma crónica de Joana Amaral Dias, sex symbol da extrema-esquerda, dos
dragões e de muita outra gente, certificando que só a malta de esquerda era boa
praticante na arte do sexo. Por isso corro o risco de ser acusado de
incoerência com a sátira que se segue à ex-promessa da esquerda modernaça, o
então ainda candidato à presidência francesa, François Hollande.
Não tenho nada com os devaneios privados
de Hollande. Deixaram de ser privados, é certo, porque o senhor é presidente da
França e muitos olhos seguem-no com atenção. Mas, em pensando bem, quando um
anónimo cidadão das nossa redondezas descai no pecado de adultério, toda a
gente comenta e interioriza o papel de juiz dos comportamentos alheios; por
maioria de razão, não admira que muita gente tenha opinado sobre a carne fraca
de Hollande.
Mas não é isso que interessa. Consta que
Hollande quis esconder o pecadilho e montou, com a ajuda dos serviços secretos,
uma imaginativa (julgavam) operação de disfarce para que o presidente francês pudesse
ir ao encontro da amante sem ser descoberto. A fantasia não se distingue pela
criatividade e pelo bom gosto. Alguém do círculo de Hollande (ou o próprio) inventou
um disfarce de estafeta de pizza, com indumentária a preceito, para entrar nos
aposentos da concubina e os dois se entregarem a uma noite de lascívia. Usando
a teoria Joana Amaral Dias, dir-se-ia que Hollande (ou quem encenou por si) é
de direita. (Por estes dias, depois da conversão de Hollande ao catecismo da
austeridade – disfarçada com um eufemismo: “rigor” –, não é novidade.) Foi um
dia de imaginação ausente. Paris terá visto pela primeira vez um estafeta de
pizza protegido por carros dos serviços secretos. E nunca terão pedido a
agentes dos serviços secretos para entregarem croissants frescos ao casal de
amantes na manhã seguinte. Já se tinha ouvido falar que os serviços secretos estão
em decadência, mas este serviço foi como cravar um punhal na dignidade dos
serviços secretos.
Correndo o risco das generalizações (que
são amiúde fraudulentas) e da incoerência de postfaciar a teoria Joana Amaral
Dias, eis a minha conclusão: diz-me como são as tuas fantasias carnais,
dir-te-ei o jeito que tens para a política.
Sem comentários:
Enviar um comentário