24.1.14

Pega de cernelha

In http://www.youtube.com/watch?v=h1vYbHHhqYE
Tropeçamos em gente a esbracejar com uma coragem que não é sua genética. São os que não sabem olhar o bicho nos olhos, ladeando-o, deslealmente desferindo golpes pelas costas. E depois aparecem, compungidos, lamentando a trama de que se dizem vítimas. Às lamúrias serve a muleta dos libelos entregues aos que mandam. Saldam-se pela pose triunfal, como se fossem autores de proezas ímpares.
Não afirmam: insinuam. Não contestam: preferem que o outro vire as costas para desfiar os ultrajes. Não olham nos olhos: desviam o olhar, inquietos, talvez para não decaírem na fraqueza que são. Não foram adestrados na honestidade: manipulam com a destreza dos impostores. Fazem lembrar a escola, pouco depois dos cueiros, como havia destaque para uns trapaceiros que se esmeravam na perfídia e perturbavam o sossego com os queixumes repetidos ao professor ou ao diretor, participando dos colegas que haviam asneirado. Faziam-no sem que fossem instados a identificar os rebeldes; a iniciativa era sua, julgando que caíam nas boas graças dos tutores que os ouvissem.
Porventura tiveram vencimento ao longo do tempo. Não tropeçaram em probos que repudiariam o mau vício delator. Talvez tenham começado a aprender desde tenra idade, pelos maus exemplos de quem acolhia a delação militante sem reprovação de conduta, que o poder é uma arca de corrupção. Aprenderam que os fins são a caução dos meios, mesmo que depois sejam acantonados num lugar mal frequentado por quem foi educado na decência. São promessas na pestífera peleja que açambarca a vida dos partidos onde se congeminam as táticas do poder (e do contrapoder). Má moeda que expulsa a boa, esta incapaz de suportar más companhias.
É quando personagens destas metem a mão no poder (qualquer poder que seja) que mais o poder atemoriza. Deixa de haver critério. Só conta o séquito que não se cansa das genuflexões que puxam lustro aos diários elogios, necessários para apaziguar o tamanho das personagens que não cabem em seus lustrosos espelhos. No fim do turbilhão, sobra uma colmeia de mastins. Falazes na coragem e atreitos aos ardis maniqueístas.

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