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Deveis haver vindicado a fortaleza maior
para as vossas almas. Deveis perseguido as inditosas marés que traziam a
maresia assassina, derrotando-as com o implacável gládio. Virai o fácies para
de onde sopra o vento, o mesmo lado onde encontrais o sol que empresta a tez
soalheira ao tempo que vive. Sabeis que não há utilidade na espera de um vulto
sebastiânico enquanto engolfais os rudimentos do precipício coletivo (a aura de
um sebastianismo que é desesperança seminal).
Olhai o sol refrescado pelo vento
invernal. Admirai os prados vicejantes, prova do inverno caldeado pela copiosa
chuva. Esquecei as preces às divindades que são o sucedâneo de figuras
sebastiânicas que povoam o imaginário. Das sebastiânicas figuras sem serventia.
Esquadrinhai o que de mais recomendável habita em vós. Que todos somos um
manancial de estimáveis atributos, mesmo aqueles que, em demanda da auto
comiseração, acheis que não.
Sabereis, então, que há uma alma gémea.
Ou, em o não sendo, que se abeira da gémea condição. Sabei que este lugar não
se acomoda à tirania do perene ermo que vos julgais. O tirocínio é empreitada
árdua – que fiqueis prevenidos. A capicua das almas carece do encaixe das duas
metades. Às vezes, as arestas brutas são obstáculo que amedronta. Depois vem a
vontade que dominar: ou capitulais, convencidos que as arestas não podem ser
polidas; ou perseverais, pois a indomável forma do mundo, de par com a
simplicidade dos desafios que parecem invencíveis, de vós farão tutores do
vosso fado. Até que, no despontar de uma alvorada promissora, haveis de
descobrir como as duas metades se completam. As duas metades que pareciam
inversos e que, feitas capicua, se replicam uma à outra.
Amansam-se as águas. Os pássaros
soltam-se dos ninhos que foram seu esconderijo. Ao sairdes à rua, vede como os
mortais que convosco se cruzam sorriem na melhor simplicidade dos sorrisos
lhanos. Vede com as mãos parecem aveludadas. Ou como deixam de o parecer e
passam a ser assim entronizadas. Senti como palpitam em uníssono corações que
eram descompassados. Reconfortai-vos no calor de uma lareira que crepita para
afugentar o gélido inverno das almas.
Senti-vos. Do mais alto promontório onde
imperadores dos vossos sentidos sois. Havereis de julgar que as noites são
intermináveis, sem que o sono reclame seu património. Havereis de olhar as
coisas como julgáveis impossível. Com as mãos entrelaçadas, sentindo do outro o
latejar do sangue nas veias, sereis um só. Ou a metáfora da capicua que se
encastoa.
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