Davendra Banhart, "Chinese Children", in http://www.youtube.com/watch?v=ryX5vL1psSo
Os iluminados do costume a quererem dar
razão ao povo – ao mesmo povo que, lá do alto da sua intelectual sobranceria, desprezam:
devemos ter cuidado com os chineses. Um dia destes, somos todos chineses. Ou,
pelo menos, teremos uma costela chinesa. Por afinidade, nem que seja por via da
colonização dos capitais.
Ele são as lojas do franchising chinês, as tais que o povo, na sua imensa sabedoria
(dita popular), assegura que estão isentas de impostos. Ele é a empresa de
eletricidade que agora tem donos chineses. Ou os seguros do banco do Estado que
foram trespassados ao capital chinês. E por aí fora. Com o apogeu: os chineses reproduzem-se
como o povo sugere acontecer com os coelhos. De resto, os demógrafos fazem as
contas: ao ritmo que deixamos de fazer bebés no ocidente, os chineses aumentam
a prole e crescem por todo o mundo como rede tentacular. Por este andar, será
obrigatória a reprodução com chineses/chinesas: consta que têm uma taxa de fertilidade
maior – ou então não são sensíveis ao hedonismo ocidental, o ensimesmar que recusa
a deixar descendência abundante, e desatam a copular até que a cópula termine
em gestação.
Há uma solução. É a contrária dos
chineses, que nos últimos anos penalizam os casais que sejam férteis além da
medida oficial. O ocidente devia apostar: i) em políticas públicas de promoção
da natalidade. (Há uns tempos, antes dos erários públicos terem descoberto que
estavam quase falidos, havia a ideia de passar cheques gordos de cada vez que
os nascituros vissem a luz do dia. Agora os apertos não são lagar para tamanha
liberalidade.); ii) penalizar os contracetivos. A igreja seria a primeira a
aplaudir; iii) e já que os tempos se converteram em públicos tribunais onde
desfilam moralidades que vão e vêm com a mudança dos ventos, congeminava-se uma
campanha de relações públicas da pródiga natalidade. Daquelas campanhas que
usam argumentos canhestros, com uma dose salivar de coação psicológica,
convencendo os que estão (e ainda estão) em idade fértil que devem deixar a sua
impressão digital na demografia futura. Se não, vêm aí os chineses, ó coisa
medonha, e os vindouros serão todos chineses, aparentados com chineses, ou
mandados por chineses. Quem quer assumir o ónus? É desatar, ó bom povo, a
copular até à gestação, pois então!
E não digam aos iluminados do costume
que isto é racismo, ou xenofobia, que eles podem ficar ofendidos com a
sugestão.
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