10.12.15

Arrozinho malandro


Cage the Elephant, “MessArround”, in https://www.youtube.com/watch?v=Wl7cF9bwNHE   
No país pequenino: onde tudo se põe a jeito de ser diminutivo. Como se o diminutivo tratamento fosse manifestação de carinho, sem dar conta que apenas trata de desvalorar.
Onde, à falta de capacidades, desfalece a avaliação judiciosa e se arremata a outorga de credenciais selada por um burocrata qualquer, tornado especialista em mangas de alpaca. Onde se pratica o elogio da mediocridade e se espezinham os que dantes fizeram por merecer credenciais. O lugar onde se destrói o esforço dos que se esforçaram e se premeiam os madraços que esticaram a corda porque alguém os terá convencido que, por exaustão de quem os credencia, acabarão por fruir. O lugar onde as regras contam como exceção e a exceção se transfigura em regra.
Um lugarzinho. Onde apenas se faz de conta. Onde há gentinha, pequena, pequenina, que aquiesce nos madraços e desaproveita o ânimo de quem se esforça por emprestar reputação. Onde se brinca às experiências. O lugarzinho onde se prometem facilidades, ditas facilidadezinhas, que tem de ser à escala do esforço que os candidatos põem sobre os ombros: pequeno, pequenino, cada vez mais pequenino a perder de vista. Um lugar onde aprendizes de vanguardas medram no experimentalismo, dando caução às regrazinhas que são regrazinhas por nelas habitarem mais exceções do que regras. Dizem uns, porventura condescendentes com a reinação, que são os tempos novos que se fazem ouvir. Os tempos dos arrozes sem refogado, sem sal, sem água, sem condimento algum, só arrozes transformados em antítese de iguaria, sem sabor, sem textura, apenas com um imenso nada a corporizá-los. Arrozinhos, à medida da terrinha pequenina comandada por gente de semelhante igualha.
Um lugarzinho onde lugares-tenentes tirocinam na arte da palmadinha nas costas entaramelada com um “não se arranja nada?” (para solução de um problema que não encontra solução no predicado das regras). O pequenino reino das artimanhas, se a exigência não vier a preceito. São malandros, estes arrozinhos. Se calhar, nem isso conseguem ser: apenas malandrinhos, pois nem nos ardis que puxam lustro à diligência da saloia esperteza conseguem alcançar destreza.
Não há, sequer, sebastianismo que valha a este lugarzinho.

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