8.12.15

Dos “novos caminhos” e da servidão


Sleigh Bells, “Demons”, 
In https://www.youtube.com/watch?v=g0_BlUbGBSo    
I
Como um explorador que oferece ao mundo os novos caminhos encontrados. Precisamos de novos caminhos para arrotear as avenidas que trazem descobrimentos, que perfumam a diferença que procuramos coreografar para trazer para dentro os deslimites de nós. Os novos caminhos exploram os lados ocultos do que nos é dado a conhecer, os lados ocultos que hibernam por dentro de nós. Como se fosse preciso ver no avesso da página, encontrar as bissetrizes do desconhecido e, através dele, tirar o verniz ao lado oculto. Alguns asseguram que este é um processo imperativo para a reinvenção do ser. Outros desestimam os seus predicados, acham que não passa de uma frivolidade que vem de mão dada com a perplexidade da alma que semeia desencontros com os eixos do ser.
II
Nos contrafortes da férrea personalidade, talvez misturados com alguma teimosia impenitente, pergunta-se: por que precisamos de novos caminhos, se os que temos como habituais configuram a plenitude dos prazeres? Ou, em versão que quadra com os cânones do realismo, por que haveremos de partir rumo ao desconhecido, se sabemos que as possibilidades do presente não devem ser cerzidas pela incerteza de um porvir achado dentro de um quarto escuro? As luzes hesitantes, acenadas por um porvir apenas embalado pela aurora da diferença, não são incentivo que chegue. É quando vem ao pensamento a lição do povo quando filosofa sobra a troca de equídeos de diferentes pergaminhos, de como podemos ficar com o pior dos mundos quando a troca nos mete a andar de marcha-atrás. Os novos caminhos podem atapetar uma servidão: a da exigível procura de novos caminhos, talvez pelo logro da monotonia. É um alçapão que embacia o juízo.
III
 Entre duas servidões, deve a lucidez tomar-lhes o pulso, meter em equação o sentido das palavras, medir com os pés a temperatura ao chão que eles pisam, e meter a linha numa bainha que nunca pode ser milimetricamente certa. Ou, se calhar, é só o pensamento que lobriga, especulativamente.

Sem comentários: