The Stranglers, “Strange
Little Girl”, in https://www.youtube.com/watch?v=TWFb-ocy1M4
Medalhas que não são orgulho de ninguém. De repente, os
olhos açambarcados pelas nuvens espessas que se deitam sobre o corpo, pesando
sobre ele. Começam os suores frios. Começam as mãos trémulas, que se entendem
fracas. Atemorizam-se com os embaraços que são fórmula prístina. Autorizam esgares
que são o penhor das fragilidades. Anoitecem sob o peso da luz diurna, com os
favos de mel datado que adejam sobre a árvore anciã. Pode ser uma alcova
enrugada, onde o corpo merece castigo. Pode ser um copo baço que não deixa ver
a bebida que alberga. A loucura tem dedos ásperos que percorrem as rugas do
rosto, como se fossem gotas de suor forte a queimar a pele. As bandeiras
hasteadas não passam de um arremedo de cores desmaiadas. De acordo com os filósofos,
as palavras não se podem emancipar do seu sentido. Não podem ser atraiçoadas
pelo seu vagar. Prometem-se jornadas gloriosas quando o precipício se agiganta junto
aos pés. E, num acesso de cólera, as mãos esmagam-se contra o peito: não pode
ser apenas no limiar do precipício, não pode ser. A reputação, herdada do pretérito:
o limite da venalidade. Oxalá pudesse revogá-la. E metesse o caminho por onde
desabrocham as flores matinais. As vozes ensurdecedoras apadrinham os ossos
fundos que amedrontam o horizonte. São como mastins que se mostram, salivando a
fúria em preparos para morder a carne vacilante que não oferece estorvo. Que não
se atemorize o olhar, mesmo quando está madraço. Ao menos madraço, o olhar
disputa os chamamentos que reveem histórias que passam de geração em geração,
sem nunca se saber se não são apenas mitos. Os esteios em que se funda a carne
funda não mudam com uma simples vontade. Não mudam quando tempestades se mudam
para a calma consecutiva. Um pão aberto, ainda quente, levanta um vestígio de
fumo que persegue o vento. Torna-se uma fina penumbra quando o horizonte se
funde com o céu. Não saberei se há um arco-íris a culminar a fusão. Mesmo quando
é de noite.
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