Protomartyr, “My Children”,
in https://www.youtube.com/watch?v=bjiZ-ksSJ_Q
Quem oferece menos? Quem protesta uma intensa abnegação
que converge contra as preces dominantes? Dizem que a concorrência, apanágio do
tempo que corre, estabelece bitolas superiores: as pessoas competem,
sacrificam-se na competição com o propósito de intuírem o triunfo, porque o
resultado que se lhe opõe cobre de humilhação os rivais. Em assim sendo, os
corpos perfilam-se na longa fila onde se terçam as vaidades e o bastão da
inesgotável concorrência se atiça com o combustível da ambição sem medida.
O resultado não é agradável. Embebidas no
espírito da rivalidade gratuita, as pessoas profanam-se, vendem-se, se preciso
for, se esse for o critério ajuizado para não serem acossadas pelo peso da
humilhação consequente ao infortúnio na demanda. Do mal, o menos. Pode ser que
as pessoas aprendam com os sobressaltos. Pode ser que sejam menos dadas à ganância
se souberem sentir os sinais que tomam conta do horizonte quando são agraciadas
com o malogro nos pleitos a que se atiram. Debalde. É como se fosse um vício
irreprimível e a cada infortúnio se sucedesse a tentação para se atirarem para
sucessivas, e mais ousadas, demandas. Como uma droga que ataca sem apelo. Ou como
o jogo, que sitia as vontades dos dependentes e acaba com a sua orfandade. Mas
ninguém quer ficar atrás dos outros. Numa vertigem incessante em que os corpos
parecem inebriados com o mergulho no imperscrutável abismo, como se respirassem
apenas do ar embolsado por dentro do abismo.
Haja o contrário de tudo isto. Numa porventura
ingenuidade balsâmica, sem corromper o rosto firme com os proveitos vãos de
demandas genuinamente pueris. Como se o jogo fosse virado do avesso e apenas
sobrasse uma paradoxal inversão da ambição, as pessoas afinando por um estalão
inferior de cada vez que se congraçam pleitos – desta forma tornados inúteis
por dentro da sua vacuidade. Num leilão às avessas em que ganha a proposta mais
baixa. Sem vencedores nem perdedores.
Ninguém se alinhave pelas bainhas que são por
outros costuradas. Até que sejamos todos unidades centrípetas sem espelhos por
imediação, sem limites por fora de nós que são autênticos deslimites que não
podemos pastorear.
Quem oferece menos?
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