O aroma da experiência adeja como voz de comando; a experiência é um recurso que não se pode delapidar. O cálculo da experiência poupa a digressão no desconhecido. Ultrapassa os imponderáveis da verdura que transita com os mais novos, enquanto não superam a imberbe condição. Se fosse sempre assim, os novos nunca podiam deixar de ser novos – ou sê-lo-iam durante um longo tirocínio, até que as poucas oportunidades fossem o capital angariado para a experiência ser reconhecida. Nessa altura, ganharam experiência e perderam exuberância. Não é fácil lidar com o compromisso entre os dois ingredientes que se desenlaçam um do outro. A juventude está cheia de potencial. Mas as oportunidades não chegam aos jovens. Quando se deixa de ser jovem e uma camada de experiência é reconhecida, os trunfos de outrora foram sendo assimilados pelo tempo e não passam de uma sombra opaca. Mais tarde, a experiência esgota-se na senescência, quando esta é ditada pelas convenções da época. Um veterano passa a ser uma relíquia. Respeitado pelo que soube legar no passado, entrou na decadência. Serve de exemplo, sem ser admitido à coutada dos que se mantêm ativos. É uma honraria que se reduz a nada. Um repositório de memórias que serve para alimentar um estatuto simbólico. Quando a experiência dos veteranos é invocada, ela não tem serventia para os propósitos do presente. Pois o tempo que passou até terem chegado à veterania tornou-os obsoletos. Alguns veteranos têm a noção que a deferência é simbólica. Aceitam o tempo que se construiu. Aprenderam a conviver com o estertor, que não tarda. Outros, viciados num Narciso estrutural, alimentam as saudades da glória de que foram intérpretes. Ainda não aprenderam que o tempo já não lhes pertence. Para eles, a veterania é uma armadilha.
3.8.21
Quem gosta de ser (considerado) veterano? (short stories #344)
Cocteau Twins, “Tishbite” (live), in https://www.youtube.com/watch?v=13fVAP4LdVU
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