Das notícias, na variedade cor-de-rosa (um oxímoro): os “looks” dos notáveis que desfilam num festival de Verão. Antes de haver notícias sobre os artistas que desfilam no festival de Verão, desfilia-se a vertente artística porque a urgência em mostrar as indumentárias dos notáveis precede a lógica do festival. Condiz com uma certa cosmovisão alimentada pela frivolidade que campeia: insignificâncias convertidas em essencial, atirando o essencial para um lugar secundário (ou ainda menos).
Será que os notáveis se apessoam, todos pimpões, sabendo que as indiscretas câmaras fotográficas estão de atalaia à espera de mostrar ao mundo como se aformosearam só para (em princípio) irem vir concertos num festival de Verão? Parto do pressuposto de que existe mercado na imprensa para este chorrilho de mundanidades. Há quem não saiba quem atuou no festival de Verão, mas consiga descrever, com detalhes que fariam corar um escritor neorrealista, a indumentária de um qualquer socialite.
A costela liberal manda que se aceite o estilo, já que para ele existe um mercado.
Essas celebridades assistiram a quantos concertos? Havendo mercado para esta gesta de leviandades, para os notáveis um festival de Verão é apenas uma oportunidade para se darem a conhecer àquela parte do mundo (cada vez mais concorrida) que os quer conhecer até no domínio do vestuário que envergam. Deito-me a adivinhar: muitos desses notáveis esmeram na indumentária só para se porem a jeito das câmaras fotográficas, pondo-se depois a caminho da zona VIP onde bebericam uns cocktails e comericam uns acepipes – pois umas borlas não são despiciendas. Porventura, ouvirão os ecos de um concerto ao longe, num dos palcos em funcionamento, mas não descem à plateia para assistirem a um concerto. Os notáveis não se misturam com a ralé. Mas não são ninguém sem a ralé que, indigentemente, os pajeia.
Entretanto, ungem-se do aparato de que são feitos, pois essa é a sua superficial têmpera. Que não sejam perguntados a não ser sobre mundanas coisas, como a farpela toda ajanotada (como se houvesse um protocolo a respeitar em festivais de Verão), pois aos costumes têm um imenso nada para dizer. A condizer com o apenas verniz de que são feitos.
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